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Brasil O ex-governador Tarso Genro disse que prefere Guilherme Boulos do que Fernando Haddad como candidato à Presidência da República

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Petista (foto) havia sido alvo de críticas do blogueiro Políbio Braga. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Ministro da Justiça e da Educação nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o ex-governador gaúcho Tarso Genro (2011-2015) defende que o PT considere a hipótese de apoio ao pré-candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, caso a Justiça eleitoral vete a candidatura de Lula, condenado e preso na Operação Lava-Jato.

Segundo ele, Boulos é o nome que reúne condições para liderar uma nova frente político-eleitoral de esquerda na era pós-Lula. Indagado sobre a viabilidade do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (2013-2016), de quem é muito próximo desde os tempos no Ministério da Educação, ele disse ter dúvidas sobre as chances de que esse seja o nome escolhido pela sigla.

Conhecido por ser uma das vozes divergentes em relação ao estabilishment petista, Tarso (que hoje, aos 71 anos, comanda o Instituto Novos Paradigmas), argumenta que a defesa do eventual apoio a Boulos não representa risco à estratégia de manter a candidatura de Lula – que ele considera acertada. Na sua avaliação, trata-se de um nome de fora da legenda, enquanto a defesa explícita de Haddad, agora, poderia desestabilizar a unidade partidária.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-governador do Rio Grande do Sul também defendeu que o PT escolha até a convenção do dia 5 o candidato a vice. Disse, ainda, que o acordo entre o “Centrão” e ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) exige uma unidade da esquerda, mesmo que no segundo turno.

“O que venho dizendo é que Lula é meu candidato e do partido”, frisou. “É o melhor preparado para tirar o País da crise, e devemos sustentar sua candidatura até uma decisão terminativa do Supremo Tribunal Federal”. Eu venho dizendo que Boulos e Manuela D’Avila, do PCdoB, são duas alternativas que devemos considerar na hipótese de a candidatura Lula não ser registrada.”

Ainda conforme Tarso, “Boulos deu uma demonstração plena de que está preparado para liderar uma nova frente política democrática eleitoral, que exclua do nosso meio os resquícios golpistas, que tentarão compor com a esquerda se tivermos chance de ganhar”.

Sobre a chance de apoiar Fernando Haddad, Tarso avaliou: “Não sei se Haddad tem chance de ser candidato no contexto atual. Nem tenho conhecimento de que o partido esteja programando uma discussão sobre isso. Como vivemos um momento especial, no qual a unânime referência do partido é réu preso da exceção, falar de uma candidatura do PT que não seja a do Lula seria participar de um jogo que instabiliza a nossa unidade. Quando se comenta, todavia, sobre uma candidatura eventualmente de fora do PT, na verdade está se colocando em pauta questão do sistema de alianças e não a autoridade do Lula”.

Por que Boulos?

Para o político petista, Guilherme Boulos sinaliza, no momento, “uma excelente referência para disputar, no âmbito da esquerda, um novo conceito de frente e um novo paradigma para a unidade, se o presidente Lula for vetado pela exceção”.

Ele frisou que o impedimento do ex-presidente esgotaria um ciclo democrático no Brasil de uma maneira “solerte e trágica, que nos obrigaria a encarar novas questões politicas, programáticas e organizativas, que se não começarmos agora, poderemos dar livre campo ao fascismo, que já nos espreita bem antes do horizonte”.

Tarso acredita que o PT deve indicar um vice na convenção do dia 4 de agosto: “Isso facilitaria o nosso debate interno e a tomada de soluções para todo mundo, ainda que em cima do laço, bem como ensejaria uma visão mais clara do sistema do alianças que a cúpula do PT e Lula, principalmente, estão pensando em encaminhar”.

Indagado se a aliança entre Alckmin e o Centrão obriga à união da esquerda, ele disse concordar com a tese. “Essa unidade, que poderá ocorrer no segundo turno, nos ajudará na composição de um sistema de alianças mais autêntico e a explicitar melhor as nossas diferenças com este novo-velho bloco de poder, em nova formação, de maneira mais aberta e programática, pois ele é muito identificado, em termos de conteúdo, com o que Temer vem fazendo”.

Ciro Gomes

“Sinceramente, gosto do Ciro Gomes como quadro político e como pessoa, acho ele um líder corajoso e determinado”, elogiou Tarso. Mas ele fez uma ressalva: “Acho que, como fez o grande Leonel Brizola quando voltou do exílio, Ciro devia, quando a cabeça ficar quente, colocá-la um pouquinho no refrigerador. Não estou entendendo muito bem os movimentos que ele vem fazendo”.

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