Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de março de 2018
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ex-governador gaúcho (2011-2015) Tarso Genro, que também atuou como ministro da Justiça (2007-2010) no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a tese de que o PT não pode abrir mão de disputar a eleição presidencial deste ano, mesmo que a candidatura do líder petista seja inviabilizada juridicamente.
“Na minha opinião, o caminho só pode ser um para o partido: ter um candidato e participar das eleições, seja um nome do PT ou um candidato apoiado pelo campo que nós representamos”, argumentou.
Uma das figuras históricas da sigla, Tarso evitou declarar qual deveria ser o “plano B” da legenda para a corrida ao Palácio do Planalto. Ele manifestou, porém, a sua predileção pelo ex-prefeito de São Paulo (2013-2017), Fernando Haddad, que também exerceu o cargo de ministro da Educação (2005-2011) durante os segundo mandato de Lula e o primeiro de Dilma Rousseff na chefia do Executivo.
“Eu tenho, sim, uma visão que nós temos outros candidatos, caso o ex-presidente Lula não aponte o Jaques Wagner [que governou a Bahia por dois mandatos consecutivos de 2007 a 2014 e que também é cotado por setores do PT para a campanha presidencial deste ano]”, reiterou Tarso. “Quem vai orientar isso certamente será o ex-presidente Lula. Todo mundo sabe as ligações que tenho, ligações políticas, afetivas e de gestão pública, inclusive, com o ex-prefeito Fernando Haddad, que me parece um dos quadros possíveis nestas circunstâncias”.
Eleição ameaçada
Na avaliação do ex-ministro, nem mesmo a própria realização do pleito deste ano está garantida neste ano no Brasil. “Ninguém pode deixar de considerar a possibilidade de que uma emenda constitucional, processada de maneira autoritária, possa adiar as eleições. Isso pode ocorrer no País”, alertou.
De acordo com o petista de 70 anos, isso se daria por dois possíveis motivos: o medo de uma eventual vitória de Lula (que mesmo condenado em segunda instância pela Operação Lava-Jato, ainda lidera as pesquisas de intenções de voto) e a falta de um candidato viável no espectro dos movimentos políticos de centro e de direita no País.
Tucanos
No início do mês, em outra entrevista, Tarso Genro falou sobre a articulação de uma possível chapa unindo o governador paulista Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD).
“Essa seria a chapa ideal deles, com um governador conservador e de vínculos políticos nacionais e internacionais com organizações conservadoras, ao lado de um ministro que teve a capacidade de transitar do governo Lula para uma posição hoje claramente definida de apoio a esse sistema de reformas que está aí”, criticou.
Para o petista, “Meirelles nunca teve nada de progressista e nunca teve uma visão econômica de um projeto de nação, que integre o Brasil na economia global, financeira, de maneira soberana, cooperativa, mas interdependente”.
“Um projeto de nação atrasado, submisso, é esse que aplica aqui a cartilha determinada pelo capital financeiro, cujo único interesse que tem é preservar a possibilidade do país continuar pagando a sua dívida pública. Meirelles escolheu esse caminho”, acrescentou.