O avião da PF (Polícia Federal) transportando o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso em Salvador (BA) na manhã desta sexta-feira (8), pousou no aeroporto de Brasília por volta das 16h. No início da noite, depois de ser submetido a exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal de Brasília, o ex-ministro foi levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, nos arredores de Brasília, onde ficará preso.
Geddel foi para a capital federal depois de ter a prisão preventiva determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em uma nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa Econômica Federal.
Amigo pessoal do presidente Temer, Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco público no governo Dilma Rousseff, indicado pelo PMDB.
A decisão de prender Geddel foi tomada após a PF apreender cerca de R$ 51 milhões em um imóvel supostamente utilizado pelo peemedebista. Ele cumpria prisão domiciliar desde julho.
O advogado de Geddel Vieira Lima, Gamil Föppel divulgou nota, segundo a qual somente se manifestará depois que tiver acesso aos autos e documentos que embasaram a prisão.
“A defesa técnica de Geddel Vieira Lima informa que somente se manifestará quando, finalmente, lhe for franqueado acesso aos autos, especialmente aos documentos que são mencionados no decreto prisional. Pesa dizer que o direito de defesa e, especialmente, as prerrogativas da advocacia, conferidas por lei, sejam tão reiteradamente desrespeitadas, impedindo-se o acesso a elementos de prova, já documentados nos autos”, diz a nota.
Além de Geddel, a Polícia Federal prendeu preventivamente na manhã desta sexta o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Ferraz, que, segundo as investigações, é ligado ao ex-ministro. Ferraz também foi levado de avião a Brasília.
O portal de notícias G1 também tentou ligar para o celular de Gustavo Ferraz, mas estava desligado. A assessoria da prefeitura de Salvador se limitou a dizer que Ferraz foi exonerado na manhã desta sexta.
Depois que deixou o aeroporto, Geddel foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. No início da noite, carros da PF chegaram ao Instituto Médico-Legal de Brasília e saíram alguns minutos depois. Em um deles, estava o ex-ministro, que foi submetido no local a exame de corpo de delito antes de ser levado para o presídio.
O pedido de prisão cumprido nesta sexta-feira foi apresentado pela PF e, posteriormente, acabou endossado pelo MPF (Ministério Público Federal), com base na apreensão de R$ 51 milhões em um apartamento que havia sido emprestado a Geddel por Silvio Silveira, um amigo do ex-ministro.
Na decisão que autorizou a nova fase da Operação Cui Bono, o juiz de Brasília afirmou que a Polícia Federal identificou impressões digitais de Geddel e de Gustavo Ferraz nos sacos que envolviam as cédulas de dinheiro encontrados no apartamento do amigo do peemedebista, que fica localizado a cerca de 1 quilômetro da residência do ex-ministro.
Vallisney de Souza Oliveira relatou em seu despacho que, segundo a PF, há “fortes indícios” de que os R$ 51 milhões apreendidos na última terça pertencem realmente a Geddel, uma vez que, no local, foi encontrada uma fatura em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, funcionária do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro.
O argumento dos investigadores para solicitar que o ex-ministro retorne para a cadeia é o eventual risco de “destruição de elementos de provas imprescindíveis à elucidação dos fatos”. Além disso, a PF identificou risco de fuga depois da divulgação da apreensão do dinheiro.
Além do mandado de prisão, o juiz federal de Brasília expediu outros três mandados de busca e apreensão, todos na capital baiana. A Justiça autorizou as buscas alegando que a PF suspeita que ainda exista mais dinheiro de origem ilícita escondido pelo ex-ministro.
Dinheiro
Na terça-feira (5), a PF apreendeu R$ 51 milhões em um apartamento que seria utilizado por Geddel em Salvador. Dono do imóvel, Silvio Pereira afirmou à PF que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro para que ele guardasse pertences do pai, que morreu no ano passado.
Na decisão que autorizou a nova fase da Operação Cui Bono, o juiz de Brasília informou que a Polícia Federal identificou impressões digitais de Geddel e de Gustavo Ferraz nas cédulas de dinheiro encontradas na última terça-feira no apartamento do amigo do ex-ministro.
Além de o próprio dono do apartamento ter dito que emprestou o imóvel a Geddel para que o ex-ministro, supostamente, guardasse pertences do pai, que morreu no ano passado, a administradora do condomínio, Patrícia dos Santos, confirmou que o apartamento tinha sido cedido ao peemedebista. (AG)