Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2018
Guido Mantega informou nesta semana ao juiz Sérgio Moro que o US$ 1,3 milhão que mantém em uma conta no exterior foi depositado por Victor Sandri. O empresário foi apontado na delação de Joesley Batista como intermediador de propina para o ex-ministro da Fazenda. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (8) pela jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
Origem
Mantega, que nega ter recebido qualquer recurso escuso, afirma que os “ativos em questão” tiveram origem “em negócio imobiliário celebrado com a construtora e incorporadora Sandri Projetos e Construções”, que pertence ao empresário.
Destino
Sandri, segundo a petição enviada ao magistrado, adquiriu terrenos da família de Mantega “e lá edificou o empreendimento Atrium VII”, de escritórios, na Vila Olímpia.
Baú
A defesa diz que a relação comercial entre Mantega e o empresário começou nos anos 1990. A transação que resultou no depósito no exterior foi realizada em 2001, antes de o petista ocupar cargos no governo. O pagamento foi feito em 2005, quando o empreendimento foi entregue.
Em outra
Os advogados dele alegam que, “ainda que se cogite de algum ilícito”, o que “se refuta veementemente”, a competência para investigar a relação de Sandri e Mantega é da Justiça Federal do DF (Distrito Federal), que já toca outro inquérito.
Rotina
Mantega, que ficou viúvo em novembro, se divide hoje entre depoimentos semanais à Justiça e os cuidados com o filho adolescente, que deixou a escola para fazer um tratamento psiquiátrico.
Mantega e a Lava-Jato
Mantega chegou a ser preso na 34ª fase da operação, em setembro de 2016, mas foi solto no mesmo dia.
Essa etapa da Lava-Jato investigou a contratação, pela Petrobras, de empresas para a construção de duas plataformas de exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPO’s (Floating Storage Offloanding).
Na época, a PF (Polícia Federal) afirmou que, em 2012, o ex-ministro “teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da situação”.
Mantega foi o ministro por oito anos, de 2006 a 2014. Ele foi o ministro da Fazenda que mais tempo permaneceu no cargo em governos democráticos.
Operação Zelotes
Mantega e Sandri são réus na Operação Zelotes, que corre na Justiça Federal de Brasília. Eles respondem por corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), Mantega beneficiou Sandri em um julgamento no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda no qual empresas recorrem contra multas aplicadas pela Receita Federal.
A multa aplicada à defesa de Sandri chegava a R$ 110 milhões, conforme a denúncia.
A defesa de Sandri disse em março, quando houve a denúncia, que ela era infundada. Já a defesa de Mantega acabou não comentando o assunto na época.