Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2018
A vida política de Silvio Berlusconi na Itália sempre esteve ligada à sua posição como dono do AC Milan. Isto é, até o fim do ano passado, quando o ex-primeiro ministro italiano vendeu o clube a um grupo de investidores chineses.
Apesar das promessas de grandes contratações e devolver o time à disputa da Liga dos Campeões, o Milan vive péssimo momento no Calcio, e Berlusconi não deixou de comentar a fase do clube.
“Vou confessar uma coisa: se as coisas continuarem assim, não posso negar que, mais cedo ou mais tarde, vou acabar recomprando o Milan”, afirmou em evento político de seu partida na cidade de Udine, no Nordeste italiano.
Segundo Berlusconi, sua associação com o Milan era fator importante para sua ascensão na carreira política, e a venda do clube aos chineses prejudicou a Forza Italia (partido de centro-direita) nas últimas eleições italianas, no início de março, quando a legenda de Berlusconi teve apenas 14% dos votos.
“De acordo com as pesquisas, minha venda do clube estava entre as razões pelas quais o Forza Italia – infelizmente, em vista de nossas expectativas – não conseguiu mais de 14% a 14,5% de votos. Muitas pessoas me perguntam por que eu vendi o clube, e eles me criticam pela direção que o Milan está seguindo agora.”
É verdade que o Milan floresceu sob o comando de Berlusconi, conquistando oito campeonatos italianos e cinco Liga dos Campeões, totalizando 29 taças neste período. O sucesso do clube na Itália foi fator essencial para levar Berlusconi ao topo da política no país, sendo eleito primeiro-ministro três vezes.
Falência
Em fevereiro, o jornal italiano Corriere della Sera.informou que 10 meses após se tornar proprietário do Milan, o chinês Yonghong Li, declarou estado de falência.
O jornal ainda descreveu que Li terá todos seus bens leiloados online através de um site especializado.
Li pagou €740 milhões (R$ 2.9 bilhões) em abril de 2017 para comprar 99.9% do Milan, que à época tinha como proprietário majoritário Berlusconi.
Para realizar a compra, Li utilizou apenas €100 milhões (R$ 401,2 milhões) de sua própria conta. Todo o restante usado foi decorrente de outros meios: €300 milhões (R$ 1.2 bilhão) de um empréstimo de um fundo de capital de risco e €340 milhões (R$ 1.3 bilhão) de fundos em paraísos fiscais.
A justiça determinou que não será possível o pagamento do empréstimo. Como consequência, a Zhuhai Zhongfu, empresa de embalagens avaliada em €60 milhões (R$ 240 milhões) e que tem uma das empresas de Li, a Shenzhen Jie Ande, como menor proprietária em 11.3%, já foi colocada à venda em leilão após decisão em tribunal.
O pedido para que a empresa fosse colocada à venda foi emitido há exatamente um ano, anterior a compra do Milan por parte de Li, mas foi adiada após recorrer a processo.
O jornal alegou que Li já estava falido quando assumiu o controle do clube em abril de 2017.
A Comissão Reguladora de Valores Imobiliários da China também anunciou que foi aberto uma investigação a Shenzhen Jie Ande após a empresa não conseguir encobrir a falência de Li após diversos meses.
Relatórios da situação financeira de Li circularam na mídia após a compra do Milan ser realizada, com o The New York Times e o jornal financeiro Il Sole 24 Ore investigando o proprietário chinês e concluir a falta de fundos suficientes.
Chinês negou acusações
Após a publicação do jornal, Yonghong Li publicou no site oficial do Milan uma declaração negando que estivesse passando por um processo de falência, chamando as notícias de “irresponsáveis” e que o clube estava operando de forma “estável”.