Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2018
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto escreveu uma carta na qual diz que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro mentiu ao dizer que foi ele quem intermediou o recebimento do apartamento triplex em Guarujá (SP) para o ex-presidente Lula. O dirigente petista também refuta a declaração de Pinheiro de que o imóvel fez parte de um esquema de propinas na Petrobras.
A declaração de Pinheiro de que o triplex supostamente presenteado a Lula fazia parte de um esquema de propinas da Petrobras foi usada pelo juiz federal Sérgio Moro e pelos desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para condenar o ex-presidente da República. A pena da segunda instância foi de 12 anos e um mês de prisão.
“Não é verdade o que declarou o Léo Pinheiro em depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas ao contrato desta empresa com a Petrobras. Nunca tive qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propina”, diz a carta.
Prossegue o texto: “Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado, em nome do ex-presidente Lula, o recebimento do triplex do Guarujá como pagamento de vantagens indevidas”.
A carta, datada de 7 de fevereiro com firma reconhecida no último dia 22, foi usada pela defesa de Lula em recurso apresentado na segunda-feira (26) ao TRF-4. Os advogados do ex-presidente afirmam que o fato de o juiz ter se recusado a ouvir Vaccari sobre as declarações de Pinheiro caracteriza “grave cerceamento de defesa”, o que resulta em nulidade. O depoimento de Pinheiro sobre o triplex foi decisivo para o juiz Moro condenar Lula.
Em audiência em 20 de abril do ano passado, o sócio da OAS disse: “O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop, já foi me dito que era do presidente Lula e sua família, que eu não comercializasse e tratasse aquilo como uma coisa de propriedade do presidente”.
Bancoop era a cooperativa do sindicato dos bancários que começou a construir o prédio e faliu em 2009. Com a bancarrota, a OAS assumiu o empreendimento. Na mesma audiência, Pinheiro disse que a reforma a do tríplex foi bancada com propina que a OAS devia ao PT – o que o partido sempre rebateu.
Quando fez as declarações, Pinheiro já havia sido condenado a 39 anos de prisão, tivera sua prisão decretada pela segunda vez e buscava fechar um acordo de delação. Condenado a 36 anos e oito meses de prisão em três ações penais e absolvido em duas, Vaccari está preso em Curitiba desde março de 2015.
O advogado de Pinheiro, José Luis Oliveira Lima, diz que ele não mentiu: “Os esclarecimentos prestados por Pinheiro, bem como os documentos juntados, comprovam a veracidade das suas declarações. É no mínimo estranho que, passado tanto tempo do interrogatório de Pinheiro e da condenação do ex-presidente, só agora seja apresentado esse documento”.