Terça-feira, 19 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2020
O Facebook anunciou que baniu da rede social páginas, grupos e perfis associados a um movimento que defende ações violentas nos EUA e é ligado a visões neonazistas e supremacistas brancas. Em comunicado, a empresa diz que qualquer conteúdo relacionado ao movimento antigoverno Boogaloo que defenda atos violentos será classificado como vindo de uma “organização violenta” e removido da plataforma.
De acordo com a nota, foram removidos 220 perfis, 95 contas de Instagram, 28 páginas e 106 grupos, considerados pelo Facebook como “a base da rede” de promoção de violência, além de 400 grupos e 100 páginas com conteúdos parecidos. A empresa diz que, nos últimos dois meses, removeu mais de 800 publicações ligadas ao Boogaloo e que defendiam a violência.
O movimento surgiu no início da década passada, reunindo pessoas identificadas com a extrema direita, em especial neonazistas e supremacistas brancos, além de entusiastas de armas de fogo. Sem líderes, elas acreditam na iminência de uma segunda guerra civil nos EUA, que seria, na visão deturpada da realidade de seus integrantes, motivada por ações de controle dos arsenais nas mãos dos cidadãos ou por uma “guerra racial”.
Segundo pessoas que estudam o movimento, a maior parte de seus integrantes, embora mantenha visões racistas, sexistas e mantenha um discurso pró-violência, não vai muito além de seus próprios computadores e postagens em redes sociais e fóruns usados por extremistas.
Mas as autoridades se preocupam especialmente com a minoria que tem acesso fácil a armas e disposição para ir às ruas. Integrantes do Boogaloo são vistos com frequência em protestos pelo direito de portar armas e, mais recentemente, ameaçando manifestantes nos atos contra o racismo nos EUA. Eles usam as redes sociais, além de postar memes, para trocar informações sobre armamentos, fabricação de explosivos e possíveis ações contra minorias e forças de segurança. No começo do mês, um militar associado ao movimento foi acusado de matar dois policiais na Califórnia.
São essas pessoas os alvos prioritários das ações anunciadas pelo Facebook — ações que vêm em um momento de pressão sobre a rede social.
Boicote
Há anos o Facebook é acusado de tolerar publicações com discurso de ódio, ideias supremacistas e conteúdo visto como nocivo, uma tolerância creditada ao seu fundador, Mark Zuckerberg. Diante do cenário de questionamento sobre o racismo nos EUA, amplificado pelo assassinato de George Floyd, negro, por agentes brancos da polícia de Minneapolis, em maio, várias marcas suspenderam seus anúncios na rede social, em resposta ao que veem como falta de controle sobre o conteúdo.
Entre as postagens em xeque, estão publicações do presidente Donald Trump — algumas delas foram sinalizadas como conteúdo potencialmente falso pelo Twitter, uma ação que inicialmente não foi seguida pelo Facebook. Mas no dia 18 de junho, um anúncio da campanha da reeleição de Trump foi removido por trazer a imagem de um triângulo invertido, o mesmo usado por prisioneiros políticos na Alemanha nazista.
Outro questionamento é sobre quais ações serão tomadas para evitar que o Facebook sirva de veículo de desinformação, como ocorreu na eleição presidencial de 2016. Zuckerberg disse que vai tomar ações para dar mais destaque a conteúdos “de valor jornalístico” ao público.