Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2017
Há alguns dias, PJ Vogt, que administra a ferramenta de podcasts Reply All, alegou que o Facebook estaria espionando os usuários por meio do microfone do smartphone. A denúncia foi feita em seu perfil no Twitter, e, então, Rob Goldman, vice-presidente de publicidade da rede social, prontamente respondeu dizendo que a alegação era falsa.
Ele disse que, como alguém que gere a publicidade do Facebook, não pratica, nem nunca praticou, nenhum tipo de espionagem a fim de direcionar publicidade aos usuários com base no que eles conversam por aí. No ano passado, a rede social de Mark Zuckerberg já havia se pronunciado publicamente a respeito, dizendo que “somente acessamos o seu microfone se você deu a devida permissão, ou se você estiver usando uma ferramenta que requer o acesso ao áudio” do seu aparelho.
https://twitter.com/robjective/status/923620196010434560
Ainda assim, PJ Vogt recebeu centenas de respostas pelo Twitter de outros usuários reclamando que estão recebendo anúncios em seu Feed de Notícias com base em conversas que tiveram verbalmente, com o smartphone por perto.
Em uma audiência marcada por vários momentos de tensão, os responsáveis pela área legal do Facebook, do Google e do Twitter foram questionados nesta terça (31) por membros da Comissão de Justiça do Senado americano sobre as brechas que teriam permitido que operadores russos usassem suas plataformas para influenciar as eleições de 2016.
“Em retrospectiva, deveríamos ter olhado com mais cuidado [para isso]. Perdemos alguns sinais”, admitiu Colin Stretch, principal advogado do Facebook, ao ser pressionado pelo senador democrata Al Franken.
O democrata criticou a empresa por não ter descoberto antes a influência russa, especialmente pelo fato de que muitos dos anúncios comprados por agentes ligados à “fazenda de trolls” Internet Research Agency (IRA) foram pagos em rublos. “Anúncios políticos americanos e moeda russa: quem não conseguiria ligar essas duas coisas?”, afirmou Al Franken.
O senador ainda questionou se o Facebook se recusaria a aceitar, no futuro, anúncios políticos nos EUA pagos com rublos ou com o won norte-coreano. Segundo Stretch, a empresa está determinada a vigiar e frear possíveis ações de manipulação política por atores estrangeiros, mas o tipo de pagamento não é o fator-chave, já que é “relativamente fácil” trocar a moeda antes da operação.
Na véspera da audiência, a imprensa americana antecipou que o Facebook havia descoberto que cerca de 126 milhões de usuários podem ter tido acesso aos 80 mil posts publicados por operadores russos durante dois anos, durante e após as eleições.
“Apesar de esse volume de posts ser uma pequena fração de todo o conteúdo disponível no Facebook, qualquer quantia já é muito. Essas contas e páginas violaram as políticas do Facebook —e é por isso que as removemos, como fazemos com todas as atividades falsas e maliciosas que encontramos”, disse Stretch, em sua fala inicial.
Durante a audiência, os representantes das três empresas de tecnologia enfatizaram que apenas uma pequena fração do conteúdo que apareceu em suas plataformas tinha alguma ligação com governos estrangeiros, particularmente a Rússia.