O Facebook e o Instagram vão começar a banir ativamente perfis de crianças que fingem ser maiores de idade para usar as redes sociais. Com a mudança, moderadores que trabalham nas plataformas poderão bloquear qualquer conta suspeita, confirmou um porta-voz da rede social ao site TechCrunch — o protocolo anterior era banir esse tipo de perfil somente mediante denúncias de outros usuários.
Uma vez bloqueado, o dono da conta poderá recuperá-la se apresentar um documento de identidade com foto que prove que ele tem mais de 13 anos — é possível usar o celular para tirar a foto e encaminhar a imagem para a rede social.
A atualização vai ao encontro dos termos de uso de ambas as plataformas: o texto alerta que menores de 13 anos não podem se cadastrar nas redes sociais.
Recentemente, o britânico Channel 4 afirmou, em reportagem, que funcionários terceirizados pelo Facebook para revisar o conteúdo postado na rede social eram orientados a ignorar perfis que parecessem ter menos de 13 anos. “Precisamos de uma confissão de que a pessoa é menor de idade. Se não, nós apenas fingimos que somos cegos e que não sabemos qual a aparência de uma criança”, afirmou um funcionário da agência CPL Resources, que presta serviço para a rede social, ao canal de televisão.
O Facebook defendeu-se afirmando que todo o trabalho das terceirizadas é checado uma segunda vez por funcionários da rede social. Em seu blog corporativo, a empresa disse estar reforçando a mensagem de que suas equipes não devem ignorar esses perfis.
Em maio deste ano, o Twitter também começou a banir usuários que criaram suas contas com menos de 13 anos. Na época do anúncio, a rede social disse que não poderia separar o conteúdo postado antes e depois dos 13 anos e que não poderia manter o conteúdo de uma criança na plataforma.
Credibilidade
Os algoritmos do Facebook criaram um placar de credibilidade para os usuários. A ferramenta, revelada nesta terça-feira (21) por Tessa Lyons, gerente de produtos do Facebook, é parte dos esforços da plataforma de combater as notícias falsas.
O Twitter está usando uma ferramenta semelhante: seus algoritmos analisam os seguidores e seguidos por um perfil, antes de distribuir seus tuítes.
As duas plataformas vivem um dilema. De um lado, desejam dissociar suas marcas das notícias falsas e outras interferências e manipulações, como as ocorridas nas eleições americanas de 2016. De outro, tentam manter a sua “neutralidade”.
“Não somos árbitros da verdade”, repetiram Rebeca Garcia e Fernando Galo, gerentes de políticas públicas respectivamente do Facebook e do Twitter no Brasil, em debate no escritório de advocacia Pinheiro Neto, do qual as empresas são clientes, em São Paulo.
O Facebook fez parcerias com o serviço de checagem de informações da France Presse e com as agências Lupa e Aos Fatos, que verificam se conteúdos publicados são verdadeiros ou falsos. Sendo falsos, os usuários que tentam compartilhá-los são avisados. Se quiserem publicar mesmo assim nos seus perfis, não são impedidos. Já o impulsionamento pago em páginas é bloqueado.
O número de pessoas trabalhando com a segurança da informação no Facebook em todo o mundo dobrou de 10 mil, há dois anos, para 20 mil, disse Garcia. Mas só são removidas contas que violam as políticas da empresa, como o uso de perfis e páginas falsos. “Desinformação não viola nossas políticas”, explicou a gerente.