Alain Delon, ator francês de 83 anos, será o principal homenageado da próxima edição do Festival de Cannes, que começará em 14 de maio, segundo informaram nesta quarta-feira (17) os organizadores em comunicado divulgado no site do evento.
Os organizadores lembraram que o primeiro passo de Alan Delon pelo tapete vermelho no festival em 1961, com “Que alegria de viver!”, esteve marcado por um grande fervor, que se repetiu 30 anos mais tarde quando chegou de helicóptero para apresentar o filme “Nouvelle vague”.
Além de outras participações, Delon protagonizou “O Leopardo” (1963), de Luchino Visconti, filme que ganhou a Palma de Ouro daquela edição.
O diretor do festival, Thierry Frémaux, que amanhã revelará em Paris a seleção oficial, admitiu que Delon aceitou este reconhecimento após muitas dúvidas, porque considerava que sua presença no evento só fazia sentido para impulsionar o trabalho dos diretores com os quais trabalhou.
“É um monstro sagrado, uma lenda viva e um ícone planetário. No Japão, onde é venerado, é conhecido como o ‘samurai de primavera'”, afirmaram os responsáveis pelo festival, que lembraram que o ator aparece “em mais de 80 filmes”, inúmeras obras-primas e recebeu adjetivos que evidenciam a envergadura artística e seu reconhecimento internacional.
Após a eclosão em “O Sol por Testemunha”, obra de René Clément de 1960, que revelou este “diamante em bruto” de 25 anos, Delon participou de produções que se transformaram em clássicos.
“Viajar pela sua filmografia é como reviver as mais formosas horas da história do cinema contemporâneo. Unindo excelência artística e sucesso popular, é um campeão da bilheteria que nunca se afastou do cinema autoral”, acrescentou a organização.
Delon já atuou sob a direção de Antonioni, Visconti, Melville, Losey, Godard, Deray, entre outros e compartilhou elenco com atores como Gabin, Lancaster, Montand, Sharif e Ventura e atrizes como Mireille Darc, Romy Schneider, Claudia Cardinale, Ursula Andress e Monica Vitti.
A organização lembrou ainda que, desde 1964, também exerceu o papel de produtor e que, posteriormente, foi para trás das câmeras para assinar dois filmes policiais, “Le Battant” e “Na Pele de um Tira”.
“Magnético com Visconti e misterioso com Melville e Verneuil, Alain Delon sempre tomou decisões importantes e vestiu o papel de jovem protagonista para depois se consagrar com personagens complexos, ambivalentes e trágicos”, indicaram os organizadores.
Centrado no teatro nos últimos anos, Delon assegurou que não quer retornar à grande tela, apesar de ainda restar uma pendência.
“Só há uma coisa que me faltou e sempre faltará: adoraria ter feito, antes de morrer, um filme dirigido por uma mulher”, disse Delon.