A vida é uma montanha-russa de emoções… Quando pensamos que estamos nos recuperando do susto de uma queda acentuada, lá vem um looping para nos mostrar que estabilidade não existe por aqui!
E um dos maiores loopings na nossa trajetória é a chegada da adolescência. Acho, né? Ainda não cheguei lá ainda… estou naquela fase do trajeto em que o carrinho sobe, sobe lentamente os trilhos em posição íngrime, e embora você ainda não esteja no auge do desespero, já começa a preparar o coração para as fortes emoções que vêm pela frente.
É nesse exato patamar em que me encontro na minha relação com o meu primogênito. Thomas, o meu guri de ouro. Meu príncipe. Meu parceirinho. Uma alma cuja frequência vibra exatamente na mesma frequência que a minha, a tal ponto de percebermos que há entre nós um “fio invisível” que nos conecta, inexoravelmente.
Pois chegou o dia do meu coração compreender só um pouquinho, mas só um pouquinho mesmo, dessa “do crescimento”, desse choque de realidade que é concluir que você não será mais o centro da vida do seu filhote. Ponto.
Após 5 minutos de reclamações e lamentações de injustiça quanto à vida (tudo infundado, é claro), transbordando aquela raiva sem cabimento que só o adolescente consegue ter, eu pergunto ao meu filho como, afinal, está o nosso “fio invisível “ em meio a toda essa aparente “desgraça” da vida (sim, estava sendo irônica), ao que ele me olha nos olhos e responde: “o fio não existe mais. A minha mãe o quebrou”.
O que se sucedeu, eu mal sei explicar. Desatei em um choro tão desesperado que o coitado teve que engolir qualquer tentativa de ser um adolescente mala como qualquer outro, me abraçou com força pedindo desculpas, chorando e dizendo “desculpa, mãe, eu fui moleque. O fio está aqui, eu te amo”.
Eu soluçava tanto e tão profundamente que ele se assustou. Talvez porque ele ainda não tenha ideia do que é o amor de uma mãe e de um pai pelo seu rebento. E vai demorar anos até que ele compreenda essa minha dor.
Eu estarei sempre aqui para ele, mas cada vez mais como o Porto Seguro que você vê à distância do que como o píer onde você quer atracar. E ê assim que a vida tem que ser. Só que eu confesso que está doendo.
Enquanto me recompunha, mandei desligarem os celulares, se atirarem na cama comigo para ver um filme (o Henri, ainda bem longe dessa fase de transição, pulava enlouquecidamente pela alegria de poder fazer bagunça com a mãe) e apertei, com toda a esperança, o play para assistirmos juntos “Divertidamente”, um dos melhores filmes que já vi na vida.
Foi uma experiência totalmente nova, porque eu agi praticamente como uma “tecla SAP” emocional: descrevi e expliquei cada personagem – ou seja, cada sentimento e como ê importante conhecê-los para poder, também, controlá-los.
O resultado foi tão bonito…uma noite de parceria, de lágrimas pela percepção da passagem inevitável da vida e, principalmente, pela criação de muitas novas memórias para fortalecer a “ilha da família” e a “olha da bobajada”. Vale a pena assistir para entender do que estou falando. E, quem sabe, também fazer com que seu adolescente acesses aquela zona agora um pouquinho esquecida onde ainda existe a lembrança do seu amigo imaginário e das canções de ninar que ele carregará como memórias-base até, quem sabe, assumir o papel de pai e, finalmente, entender o que significa esse amor.