Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2018
A quase onipresença de delegados da PF (Polícia Federal) na equipe que Sérgio Moro levará para o Ministério da Justiça começou a despertar preocupação em especialistas em segurança, e ciúmes entre integrantes de outras categorias do funcionalismo vinculadas à área. A avaliação do primeiro grupo é a de que o time escolhido por Moro tem experiência no combate à corrupção e ao crime organizado, mas é pouco afeito a outros temas essenciais à pasta, como políticas de redução de homicídios e roubos. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz que, para o foco no “combate à corrupção e ao crime organizado, nesta chave de estancar a lavagem de dinheiro”, a batuta de Moro está correta. “O problema”, acrescenta, “é que as demais agendas ficaram descobertas”.
Dirigentes de associações que representam outras carreiras do serviço público vinculadas à segurança usaram um grupo de WhatsApp para criticar a predileção de Moro por delegados da PF.
Nas mensagens, representantes de policiais militares, civis, agentes da PF, praças e procuradores disseram, na segunda (26), que vão acionar “todos os contatos para fazer chegar até ele [Moro] que existe vida além dos delegados na segurança”.
Atuação na Câmara
Moro telefonou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para expor preocupação com a eventual ida ao plenário de projeto que, ele crê, pode afrouxar o combate a crimes de colarinho branco. Ouviu que nada será votado sem que os especialistas interessados no tema sejam ouvidos.
Líderes do Congresso dizem que, após o presidente Michel Temer sancionar o reajuste do salário dos ministros do Supremo, haverá um movimento para que o Legislativo também engorde seu contracheque. Deputados e senadores vão se agarrar no argumento de que há pressão dos servidores.
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O futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou na segunda-feira (26) a criação da Secretaria de Operações Policiais Integradas. Moro explicou que o órgão vai coordenar os trabalhos das polícias estaduais, mantendo a autonomia das corporações.
O secretário de Operações Policiais Integradas do Ministério da Justiça será o delegado federal Rosalvo Ferreira Franco. Ele foi superintendente da Polícia Federal no Paraná por duas vezes, incluindo durante o auge da Operação Lava Jato, entre os anos de 2013 e 2017.
Outro nome anunciado por Sérgio Moro nessa segunda é do também delegado federal Fabiano Bordignon, que atualmente chefia a Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no Paraná. Fabiano será o diretor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), responsável pela política prisional.
O futuro ministro da Justiça defendeu a construção de mais presídios em menor tempo. O País tem cinco penitenciárias federais em funcionamento: em Campo Grande, Mato Grosso do Sul; em Catanduvas, Paraná; em Mossoró, Rio Grande do Norte; em Porto Velho, Rondônia; e a unidade mais nova, inaugurada em outubro deste ano, em Brasília, Distrito Federal.