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Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2017
Hugh Hefner, fundador da revista Playboy, um dos maiores sucessos editoriais do século XX, será enterrado no cemitério Westwood Village, em Los Angeles (EUA), ao lado de Marilyn Monroe. O empresário morreu na noite de quarta-feira (27), aos 91 anos de causas naturais.
A edição com fotos de Marilyn Monroe nua vendeu 50 mil cópias e garantiu um espaço para a nova publicação no concorrido mercado de revistas masculinas.
“Gostaria de dizer o quanto ela foi importante na minha vida. Sinto uma conexão enorme com ela, porque ela foi fundamental para o lançamento da Playboy, e também porque nós nascemos no mesmo ano”, disse Hefner em entrevista ao canal CBS, de Los Angeles, há cinco anos.
Marilyn morreu em 1962, aos 36 anos, já como um dos maiores sex symbols dos EUA. Em 1992, Hefner comprou a cripta ao lado da dela, no Westwood Village, por US$ 75 mil.
Mundo de fantasia
Hugh Hefner criou um mundo de fantasia para milhões de homens, mas, diferentemente da maioria de seus leitores, conseguiu viver esse sonho.
Ele atingiu com êxito uma nova geração de americanos que estavam desfrutando de novos padrões de vida nos anos 1950 e 1960.
Ativista político e filantropista, ele criou não apenas uma revista, mas todo um estilo de vida.
Hugh Marston Hefner nasceu em Chicago em 9 de abril de 1926, filho de dois professores com fortes convicções religiosas.
Depois de servir o Exército americano como repórter, ele se formou em psicologia antes de começar a trabalhar como redator na Esquire.
Em 1953, pegou emprestado US$ 8 mil para produzir a primeira edição da Playboy. Hefner estava tão preocupado que a revista não vendesse que decidiu não colocar a data na capa.
Nudes
Sua mãe contribuiu com US$ 1 mil. “Não porque ela acreditou no negócio”, Hefner disse depois, “mas porque acreditou em seu filho”.
A primeira edição da Playboy trouxe algumas fotografias de Marilyn Monroe nua, que Hefner comprou por US$ 200 e que foram tiradas para um calendário de 1949.
A publicação das reportagens de Alfred Kinsey sobre comportamento sexual questionou as crenças convencionais sobre sexualidade e levantou temas até então considerados tabu.
Estouro
A sociedade americana de classe média era notoriamente puritana nos anos 1950, mas a combinação de fotos de mulheres com artigos intelectualmente estimulantes atraiu o homem urbano do pós-guerra.
“Nunca pensei na Playboy como uma revista de sexo”, Hefner recordou. “Eu sempre pensei nela como uma revista de estilo de vida, na qual o sexo era um ingrediente importante.”
A revista foi um sucesso absoluto, vendendo mais de 50 mil cópias em poucas semanas. Hefner achou um nicho no mercado de publicações masculinas, até então era dominado por temas como caça, armas e pesca.
A segunda edição trouxe pela primeira vez o logotipo do coelho com gravata borboleta, criado por Art Paul, diretor de arte da revista. A marca apareceria em milhões de produtos nas décadas seguintes.
Em 1955 Hefner publicou um texto do escritor Charles Beaumont sobre homens heterossexuais enfrentando perseguições em um mundo onde homossexuais eram a maioria na sociedade.
Em resposta a uma enxurrada de cartas raivosas sobre o texto, Hefner respondeu: “Se era errado perseguir heterossexuais numa sociedade homossexual, então o contrário também é”.
Anos depois, ele se tornaria um defensor do casamento de pessoas do mesmo sexo descrevendo isso como “uma luta por todos os nossos direitos”.
Sua linha editorial estava sintonizada com as mudanças na sociedade, como as campanhas da revista por políticas liberais de drogas e o direito ao aborto.
Pelos próximos 20 anos, a Playboy dominou seu mercado, com sua circulação atingindo o pico de sete milhões no começo dos anos 1970.
Nos anos 1980, a revista estava em decadência, já que concorrentes com conteúdo sexual mais explícito competiam com ela por espaço nas bancas e seus leitores tradicionais estavam ficando mais velhos e deixando a publicação.
Já nos anos 1990, a sorte da Playboy mudou – Christie Hefner, filha de Hugh, que comandava a empresa desde 1985, levou a empresa a novas áreas, incluindo a de TV a cabo.
Enquanto isso, Hefner, em suas próprias palavras, descobriu o Viagra e passou a ficar a maior parte do tempo em sua mansão vestido em pijamas de seda e rodeado por mulheres.
Nos seus últimos anos, Hugh Hefner acabou ridicularizado como um idoso rodeado de mulheres jovens.
Mas à frente da Playboy, criou um estilo de vida que ia ao encontro das aspirações de uma grande parte da sociedade americana do pós-guerra. A feminista Camille Paglia o descreveria, anos depois, como “um dos principais arquitetos da revolução social”.
“Sou uma criança em uma loja de doces”, declarou Hefner uma vez. “Sonhei sonhos impossíveis e eles se revelaram acima de tudo o que eu poderia imaginar. Sou o gato mais sortudo do planeta.”