O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nessa quarta-feira (13), que não vai seguir o decreto do presidente Jair Bolsonaro que incluiu academias de ginástica, salões de beleza e barbearias como serviços essenciais. Foi a primeira vez que ele deu entrevista coletiva utilizando máscara.
“Aqui em São Paulo, o governo respeita e ouve o secretário da Saúde e respeita seu comitê de saúde. Eles nos indicam que não temos condições sanitárias seguras para abrir esses estabelecimentos nesse momento. Respeitamos esses profissionais, mas nosso maior respeito é garantir sua vida, existência e saúde. Temos um comitê econômico e um conselho de economistas. Este grupo, junto ao conselho de prefeitos, tem trabalhado na elaboração de protocolos para todos os setores. Até o dia 31 de maio, nenhuma modificação será feita na quarentena de São Paulo”, disse.
A quarentena determinada por Doria vale para todos os 645 municípios paulistas, prevê apenas o funcionamento de atividades essenciais, e vale até o dia 31 de maio.
A maioria dos Estados já havia se posicionado contra o decreto de Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal) já havia decidido que Estados e municípios têm autonomia para determinar o isolamento social e definir as atividades locais essenciais durante a pandemia.
A jornalistas, Bolsonaro justificou a medida dizendo que “saúde é vida”. Segundo ele, as três atividades são fundamentais para a manutenção da saúde.
O coordenador do Centro de Contingência contra a covid-19, Dimas Tadeu Covas, justificou a manutenção da proibição à abertura de salões de beleza e academias destacando critérios técnicos. Ele afirmou que uma das formas de infecção pelo vírus é a autoinoculação. “A pessoa entra em contato com a superfície contaminada e depois se contamina. Dentro da questão da academia, é um local em que as secreções são abundantes”, afirmou. Além disso, o uso de máscara nesses espaços não seria adequado. A máscara, disse ele, “umedece rapidamente, deteriora a proteção”.
No caso dos salões, a questão é o contato entre o prestador de serviço e cliente. “O contato é muito próximo. Do ponto de vista do controle da infecção, é uma situação de risco.”
Críticas de Bolsonaro
Nessa quarta, Bolsonaro voltou a criticar governadores pelas medidas de isolamento. “O povo tem de voltar a trabalhar. Quem não quiser trabalhar, que fique em casa, porra. Ponto final”, disse. Bolsonaro voltou a criticar Doria. “O governador de São Paulo [Doria] falou que é melhor isolamento do que o sepultamento. Quem ficar em casa parado vai morrer de fome. Até o urso quando hiberna tem prazo para hibernar. Não podemos ficar hibernando em casa”, afirmou.
Doria não citou o nome de Bolsonaro na entrevista e disse que São Paulo não quer o conflito, mas sim soluções para combater a doença. “Não me parece que agressões, xingamentos e ofensas possam construir diálogos e respeito”, continuou. “Governar é muito mais do que uma histeria, promover brigas, dissidências, fazer xingamentos e ofensas. Governar é ter controle e equilíbrio”, disse.
Epicentro da doença no País, São Paulo tem 4.118 mortes e 51.097 casos confirmados, de acordo com balanço da Secretaria Estadual da Saúde. O Brasil tem 13.149 óbitos pela doença. Foram registradas 749 novas mortes em 24 horas.