Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2019
Nos Estados Unidos, onde proferiu uma palestra e adotou tom mais ameno do que na campanha e como governador, como quando diz que “tem que atirar na cabecinha” ou “mandar para Guantánamo”, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel admitiu nesta sexta-feira (05) querer ser presidente da República caso Jair Bolsonaro não se candidate à reeleição.
Meses após ser eleito na esteira do discurso agressivo de Jair Bolsonaro, que por diversas vezes elogiou o ex-coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura, o governador faz questão de ressaltar que “tortura é inadmissível”.
Conhecido por subir a um palanque ao lado de uma placa quebrada com o nome da vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco, executada meses antes, Witzel diz querer distância de “violações de direitos humanos”. Mas a mudança não fica apenas no plano do discurso. O governador não hesita em afirmar que pretende saltar do palácio da Guanabara para o Palácio do Planalto.
“Estou preparado para governar o Rio de Janeiro e estou preparado para governar o nosso País”, disse, sem modéstia, o ex-juiz federal, estreante na política. “Acho que o Brasil precisa sempre de líderes que possam dar às gerações futuras melhores oportunidades. É isso que quero fazer pelo nosso País.”
Em meio às dificuldades enfrentadas pelo governo de Jair Bolsonaro em estabelecer um canal de diálogo com o Congresso, Witzel parece recalibrar seu discurso e tentar se distanciar do presidente que o ajudou a se eleger. Em uma hora de conversa, ele também surpreende ao dizer que cabe aos professores definir como o golpe de 1964 deve ser ensinado nas escolas (enquanto o governo Bolsonaro avalia mudar livros didáticos para que se ensine que não houve golpe, mas uma “contrarrevolução para evitar a ascensão comunista”).
“De ambas as partes ideológicas envolvidas houve violência”, destacou. “Cabe aos professores e ao conselho de educação escolher os livros que entenderem adequados para contar com fidedignidade a história a ser contada aos alunos.”
Witzel também defendeu mais prisões de segurança máxima e até um modelo como Guantánamo. “Se fala que em Guantánamo há violações, mas até hoje ninguém provou nada”, declarou. “Eu não quero importar modelo de violação de direitos humanos, Eu quero o modelo de prisão de segurança máxima para evitar que estes criminosos tenham contato com o mundo exterior e continuem evitando o crime”, acrescentou.
O governador é adepto da ideia de mudar os livros didáticos, como quer Vélez Rodríguez, o ministro da Educação, para rever a versão sobre o golpe militar de 1964, que para ele foi um período em que “houve violência dos dois lados” e que surgiu em reação a um “avanço do comunismo”.