Nesta terça-feira, o governador Eduardo Leite detalhou o plano de “distanciamento social controlado” que deve ser posto em prática no Rio Grande do Sul a partir de maio, no âmbito das estratégias de enfrentamento à pandemia de coronavírus. Segundo ele, o modelo não representa uma abertura desordenada ou a uma volta à normalidade, após várias semanas de medidas restritivas impostas por decretos estaduais.
“O vírus não está indo embora, não está passando”, ressaltou. “Ele está entre nós, circulará ao longo dos próximos períodos e vamos conviver com isso. Precisamos do apoio da sociedade para evitarmos um volume de contágio além da nossa capacidade hospitalar. Tudo o que já fizemos e também o que faremos de agora em diante é priorizando a vida.”
As novas diretrizes vêm sendo discutidas nas últimas semanas pelo Executivo gaúcho. Na primeira fase de combate à Covid-19, a opção foi por medidas uniformes, a fim de evitar que a doença tivesse um número muito alto de infectados. E se no início ainda não se tinha um cenário muito claro, passados mais de 40 dias desde a primeira confirmação de caso a SES (Secretaria Estadual da Saúde) já dispõe de informações mais confiáveis.
“O governo do Estado está munido de uma base de dados abrangente, que inclui resultados de uma pesquisa que vem sendo aplicada sob a coordenação da UFPel [Universidade Federal de Pelotas] e informações sobre o novo sistema de controle de leitos, que monitora informações, em tempo real, de 300 hospitais gaúchos”, prosseguiu Eduardo Leite.
Níveis de risco
A partir desses dados e sempre levando em consideração evidências científicas, o distanciamento social controlado se baseia em níveis de restrição, que serão aplicados conforme a região do Estado e o setor econômico. “Isso se justifica porque as regiões do Estado apresentam diferentes velocidades de transmissão e contam com estruturas diferenciadas de atendimento”, acrescentou.
Uma das premissas é de que o nível de distanciamento seja controlado pela potencial reação do sistema de saúde e pelo comportamento da pandemia em determinada região. Divididas em níveis de risco “baixo, “médio/baixo”, “médio” e “alto”, essa capacidade de resposta será constantemente monitorada, podendo ser alterada conforme a evolução local de casos.
“Focado na preservação de vidas, o Estado não deixa de lado a preocupação com a economia, afetada pela pandemia”, sublinhou o governador. “O distanciamento controlado será adotado com restrições estabelecidas de maneira específica em diferente segmentos econômicos [varejo, construção, indústria, agricultura, eventos, educação, serviços essenciais], levando-se em consideração os riscos de transmissão impostos pela atividade e a importância econômica de cada um.
Saúde X economia
Partindo da projeção de que a população ainda conviverá com o coronavírus por um longo período, será necessária uma sustentabilidade que permita proteger a vida e, ao mesmo tempo, manter a atividade econômica, gerando riquezas de forma sustentável. “Esse é o equilíbrio que buscamos, que só é possível porque agora temos mais dados e informações”, reforçou o governador.
Conforme o site oficial www.estado.rs.gov.br, as diretrizes a serem adotadas a partir de maio não descartarão protocolos seguidos até agora, como práticas de higiene, distanciamento entre as pessoas, restrição de horários e revezamento de pessoal.
À noite, por videoconferência, Eduardo Leite se reuniu com os secretários estaduais e demais integrantes do Conselho de Crise. Além de reiterar o plano do “distanciamento controlado”, ele informou que até esta quinta-feira (23) o colegiado poderá encaminhar sugestões sobre os futuros protocolos, observando as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
(Marcello Campos)