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O governo argentino acusou a Marinha de ter ocultado oito chamadas do submarino desaparecido

O porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse que não foram chamadas de emergência. (Foto: Reprodução)

A Marinha da Argentina teria omitido ao Ministério da Defesa do país oito chamadas realizadas pelo submarino ARA San Juan no dia de seu desaparecimento, em 15 de novembro, segundo informações do jornal Clarín. Uma investigação interna foi aberta para apurar o caso, de acordo com o periódico argentino.

O núcleo da investigação está na atuação da Armada [Marinha]”, afirmou o ministro da Defesa, Oscar Aguad, conforme o Clarín. “Até que me demitam, vou seguindo na função”, afirmou nesta quarta-feira (6) o chefe da Marinha, almirante Marcelo Srur.

A empresa Tesacom, que audita as linhas de satélite de um dos sistemas usado pelo submarino, divulgou na terça-feira (5) que o ARA San Juan fez oito chamadas antes de desaparecer. Após a divulgação da empresa, segundo o Clarín, o ministro da Defesa Oscar Aguad acusou a Marinha de ocultar que o submarino tenha reportado emergência e alertado problemas nessas chamadas, o que poderia ter gerado buscas mais rápidas.

No entanto, nesta quarta-feira, o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse que não foram chamadas de emergência, e que algumas delas, inclusive, não foram chamadas telefônicas, mas “tentativas de conexão com a internet”. Balbi já havia explicado que as chamadas divulgadas pela Tesacom englobam tanto chamadas de telefonia como de dados.

O próprio Ministério da Defesa escreveu posteriormente, em seu perfil no Twitter, que a Marinha “confirmou que as oito chamadas do ARA San Juan não foram de emergência”.

Balbi ressaltou que as principais informações foram divulgadas pela Marinha. “A respeito de todas essas comunicações, as principais foram informadas em tempo e em forma de Porto Belgrano às autoridades de Buenos Aires e ao Ministério da Defesas”, disse.

O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo no dia 15 de novembro, quando navegava pelo Golfo de São Jorge. O submarino havia zarpado em 11 de novembro de Ushuaia para retornar a Mar del Plata, sua base habitual. Em sua última comunicação, informou que uma entrada de água pelo sistema de ventilação provocou um princípio de incêndio na casa de baterias.

Mais de 4 mil homens, 28 unidades y e nove aeronaves foram acionados para encontrar o submarino. As buscas tiveram também o apoio de 18 países, segundo a Marinha.

O presidente Maurício Macri reiterou nesta quarta-feira que a busca pelo submarino continua. “Vamos baixar a ansiedade e dar prioridade a respeitar os tempos dos familiares”, afirmou em ato na província de Entre Ríos. “Seguimos na busca e para entender o que aconteceu, temos tempo”, afirmou.

Mortos

Pela primeira vez, o governo argentino reconheceu, na terça-feira, que os 44 tripulantes do submarino ARA San Juan “estão todos mortos”.

Oscar Aguad disse em uma entrevista à TV “Todo Noticias” que toda missão de busca e resgate “é iniciada quando há desaparecidos no mar e é encerrada quando todos foram salvos ou não há mais condições para que a vida exista”.

“Então estão todos mortos?”, questionou o apresentador do jornal. “Exatamente”, respondeu Aguad.

No entanto, o ministro afirmou que o presidente Mauricio Macri ordenou a manutenção da busca pelo equipamento por “esse ser um compromisso que assumimos com as famílias”.

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