Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2018
O governo da França pediu nesta terça-feira (20) uma liderança interina na Renault, depois que o presidente da empresa, o brasileiro Carlos Ghosn, foi preso no Japão na segunda-feira (19). Além de presidente da Renault, ele também preside a Aliança Nissan-Renault e o conselho consultivo na Nissan. Ele foi acusado de fraude fiscal ao ter omitido ganhos das autoridades japonesas enquanto era presidente da Nissan, cargo que ocupou até o final do ano passado.
O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, disse que pretende pedir ao conselho da Renault a instauração de uma “governança interina”. “Ele está incapacitado de comandar a empresa”, disse Le Maire a uma rádio francesa.
De acordo com Le Maire, o governo francês, que tem 15% das ações da Renault, não pretende retirar Ghosn do conselho consultivo da empresa porque ainda não há condenação formal ou provas. Mas afirmou também que entrará em contato com o governo do Japão “para saber quais são as reais acusações” contra o executivo.
A prisão de Ghosn e sua substituição na Renault, mesmo que temporariamente, preocupa investidores sobre o futuro da aliança entre Renault e Nissan. Ghosn era o principal pivô entre as duas empresas. Atualmente, a Renault controla 43,4% da Nissan, que tem 15% das ações na montadora francesa.
Entenda as acusações
Carlos Ghosn é acusado de sonegação e fraude fiscal. Mas o que e quanto exatamente Ghosn teria escondido das autoridades japonesas? De acordo com as agências de notícias japonesas Kyodo e Jiji, Ghosn não declarou mais de 5 bilhões de ienes (o equivalente a equivale a R$ 167,4 milhões) de seu pagamento como presidente na montadora.
As fraudes fiscais ocorreram durante cinco anos, entre 2010 e 2015, de acordo com a agência Kyodo. Nesse período, segundo a agência Jiji, o executivo recebeu quase 10 bilhões de ienes (R$ 334 milhões).
O salário anual de Ghosn foi de 1,1 bilhão de ienes entre 2016 e 2017 (R$ 36,8 milhões), de acordo com relatórios financeiros da Nissan. A montadora afirmou em nota que, baseada em denúncias, já estava conduzindo uma auditoria interna e investigando há meses os problemas de conduta envolvendo Ghosn e outro diretor da empresa, Greg Kelly.
A montadora também afirmou que Ghosn teria usado bens da empresa para fins pessoais. Autoridades dizem que o executivo pode ter violado o Ato de Instrumentos Financeiros e Trocas do Japão. Ele pode ter que pagar 10 milhões de ienes (R$ 334 mil) em multa e cumprir até dez anos de prisão, se for julgado culpado.
“Tanto Ghosn quanto Kelly estavam divulgando ganhos na Bolsa de Tóquio muito menores do que os valores reais, e isso era feito para reduzir o montante que Ghosn deveria declarar como compensação”, escreveu a Nissan em nota.