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Por Redação O Sul | 24 de setembro de 2019
A Receita Federal teve a primeira baixa no alto escalão desde a troca de comando no órgão. O auditor fiscal Ricardo Pereira Feitosa foi demitido do cargo de coordenador-geral de Pesquisa e Investigação. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União, em portaria assinada pelo subsecretário-geral do Fisco, José de Assis Ferraz Neto.
Técnicos da Receita vinham pressionando pela saída de Feitosa há meses. O auditor é visto por colegas como um nome ligado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, um dos principais críticos à atuação da área de fiscalização do órgão. Feitosa ficou cerca de quatro meses no cargo.
No início deste ano, o vazamento de uma análise preliminar da Receita Federal com informações do ministro Gilmar Mendes gerou uma crise institucional envolvendo o órgão e autoridades dos Três Poderes. A indicação de Feitosa ocorreu após esse episódio. Responsável por dez Escritórios Regionais de Inteligência, a Copei (Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação) foi uma das principais responsáveis pelo sucesso da Operação Lava-Jato.
A chegada do técnico ao cargo causou polêmica entre colegas desde o início. Feitosa é ex-militar do Exército e, antes de ir para a Copei, estava lotado na Delegacia da Receita Federal em Cuiabá (MT). Até então, nunca havia atuado na área de inteligência.
A demissão de Feitosa ocorre após uma dupla troca no comando da Receita Federal. Em agosto, o então secretário especial da Receita, Marcos Cintra, demitiu seu subsecretário-geral, número dois no comando do órgão, João Paulo Fachada, que foi substituído por Ferraz Neto. Três semanas depois, o próprio Cintra foi exonerado. O auditor fiscal aposentado José Tostes foi indicado para chefiar a Receita Federal.
Na segunda-feira (23), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, em entrevista, que queria promover uma “renovação no espírito” da Receita Federal, ao citar a crise institucional envolvendo o órgão e autoridades.
“Nós estamos dispostos a fazer uma renovação no espírito da Receita. Nós não queremos uma Receita Federal abusiva, que se exceda, envolvida em tumultos políticos. A Receita Federal virou uma fronteira de disputa”, declarou o ministro da Economia.
Segundo Guedes, as reclamações sobre o Fisco vêm de nomes como os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).