Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2017
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o Executivo tem de dizer a “verdade” em relação aos votos para aprovar a reforma da Previdência. “Eu acho que o governo tem que falar a verdade, não adianta o governo mistificar”, disse. “A Câmara pode discutir a reforma no plenário, mas o número para votar só quando tiver os 308 votos [placar mínimo necessário], e esse sinal, essa fumaça branca, não foi dada ainda pelos líderes do governo na Câmara”, afirmou o senador.
“O governo tentou fazer um esforço, cresceu o número de votos, não tem ainda os 308 votos. Se não tem, o governo tem que dizer que não tem e está tentando conseguir”, afirmou. Na tarde de quarta-feira (13), Jucá anunciou, em nota, que um “acordo” foi fechado pelos presidentes da Câmara e do Senado, em conjunto com o governo, para adiar a votação da mudança da aposentadoria para fevereiro.
A declaração deflagrou um bate-cabeça no Palácio do Planalto e no Congresso, causando mal-estar no governo, disposto a manter o discurso otimista para conseguir os votos dos deputados. Em nota oficial, o Palácio do Planalto disse que a data da votação será definida nesta quinta-feira (14) pelos presidentes Temer, Eunício Oliveira (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara).
O Planalto afirmou ainda que está mantida para esta quinta a leitura do relatório da reforma e o início de sua discussão no plenário da Câmara. O presidente da Câmara tentou minimizar o anúncio feito por Jucá. “Não combinei nada”, disse Maia, na quarta, após a polêmica causada pelo líder do governo. “Não fiz reunião com o Michel, não fiz reunião com ninguém”, afirmou Eunício.
Jucá avançou o sinal e atropelou possível anúncio de adiamento que seria feito nesta quinta por Temer, Maia e Eunício. O assunto já havia sido discutido por eles em um jantar organizado pelo presidente do Senado na noite de terça-feira (12).
A declaração de Jucá de que a reforma ficará só para fevereiro de 2018 piorou o humor do mercado. O anúncio ocorreu na véspera da data marcada pelos governistas para iniciar, na Câmara, a discussão sobre a proposta. Apesar de sinais contrários, o presidente Michel Temer ainda afirmava publicamente ter esperanças de que os deputados votassem a reforma na semana que vem. O Congresso entra em recesso oficialmente no dia 23 e só volta ao trabalho em fevereiro. Até entre governistas há a avaliação de que no ano que vem o governo continuará a encontrar grandes dificuldades para aprovar as medidas.
A reforma da Previdência é uma das principais bandeiras do governo de Michel Temer. O Palácio do Planalto vem, contudo, enfrentando dificuldades para que a medida avance no Congresso. Uma versão inicial do texto foi aprovada no primeiro semestre em comissão especial da Câmara. A discussão foi interrompida logo após a divulgação da delação do grupo JBS, que atingiu Temer e seus aliados.