Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2019
O governo voltará a pedir dinheiro extra ao Congresso para pagar aposentadorias, salários de servidores ativos e inativos e o Bolsa Família, assim como teve que fazer neste ano. O Orçamento de 2020 só tem recursos para arcar com cerca de dois terços dessas despesas. As informações são do jornal O Globo.
Para quitar tudo o que está programado para o ano que vem, o governo Jair Bolsonaro precisará de uma autorização do Legislativo para aumentar a dívida pública. Sem esse aval ou sem interromper o pagamento desses benefícios, o presidente descumprirá um dos pilares do equilíbrios das contas públicas: a chamada regra de ouro.
Os dados compõem o primeiro Orçamento elaborado por Bolsonaro, apresentado sexta-feira.
A regra de ouro diz que a União não pode se endividar para pagar as contas do dia a dia. Dívida tem de ser feita apenas para fazer investimentos. No entanto, o Brasil não tem mais recursos para bancar essas despesas sem pegar novos empréstimos ou emitir títulos.
Assim, Bolsonaro terá de pedir uma autorização para lançar dívidas de R$ 367 bilhões. Neste ano, foi preciso R$ 258,2 bilhões para pagar essa conta.
No próximo ano, a maior parte será usada para bancar os benefícios previdenciários: R$ 156,5 bilhões. O gasto total no ano com as aposentadorias está previsto em R$ 682,6 bilhões.
No caso do salário dos servidores, o orçamento total para 2020 é de R$ 336,6 bilhões. Não há previsão de receitas para um terço desse valor. Ou seja, o governo terá de pedir uma autorização para emitir R$ 104,6 bilhões em dívidas só para garantir o pagamento dos salários.
De um Orçamento de R$ 30 bilhões para o Bolsa Família, R$ 9 bilhões também dependerão de autorização do Congresso.
Déficit da Previdência aumentará
O déficit da Previdência crescerá quase R$ 30 bilhões em 2020. Segundo o projeto de Orçamento apresentado nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia, o rombo no regime geral, que paga as aposentadorias no setor privado, chegará a R$ 244,2 bilhões no ano que vem.
Para este ano, a expectativa é de que o rombo chegue a R$ 215,9 bilhões. Os dados não incluem a Previdência dos militares.
Caso a previsão se concretize, o rombo da Previdência representará 3,2% do PIB em 2020. Os gastos com aposentadorias e pensões são, de longe, a maior despesa prevista pelo governo para o ano que vem.
Chegarão a R$ 682,7 bilhões em 2020, ou 46% do Orçamento. O segundo maior gasto é com pessoal, que consumirá R$ 336,6 bilhões. Ao todo, o governo espera gastar R$ 1,479 trilhão no ano que vem.
A projeção já considera as novas regras da reforma da Previdência, ainda em tramitação no Congresso. Segundo o texto, em análise no Senado, prevê economia de cerca de R$ 1 trilhão ao longo de dez anos.