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Mundo O governo venezuelano bloqueou as contas do “presidente interino” e o proibiu de sair do país

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"Estamos aqui, vamos continuar agindo e trabalhando para enfrentar a crise humanitária", disse Guaidó. (Foto: Reprodução)

O procurador-geral da Venezuela disse nesta terça-feira (29) que pediu ao TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), de maioria governista, que inicie uma investigação preliminar sobre o autoproclamado presidente interino e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, além de ter congelado as contas do líder da oposição e proibido sua saída do país.

O procurador-geral Tarek William Saab disse à TV estatal que pediu ao TSJ que “abra uma investigação preliminar sobre Juan Guaidó como responsável de diversas ocorrências violentas no país desde o dia 22 de janeiro”, um dia antes de o deputado se autoproclamar presidente em meio a protestos convocados pela oposição contra o presidente Nicolás Maduro. Saab também acusa Guaidó de ajudar países estrangeiros a interferir em assuntos internos da Venezuela.

Minutos após o anúncio de que está sob investigação, o autoproclamado presidente interino respondeu que não subestima a ameaça de prisão, mas disse não acreditar que seja “algo novo”.

“Estamos aqui, vamos continuar agindo e trabalhando para enfrentar a crise humanitária”, disse Guaidó a jornalistas em Caracas. “Eu não estou descartando uma ameaça de prisão, mas isso não é nada de novo sob o sol.”

Também nesta terça, em resposta ao pedido do procurador-geral venezuelano, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, denunciou o procurador-geral venezuelano pelo que definiu como ameaças contra o líder da oposição. Ao classificar Saab como “ex-funcionário ilegítimo”, Bolton disse em mensagem no Twitter que “haverá sérias consequências para aqueles que tentarem subverter a democracia e prejudicar Guaidó”.

O anúncio do pedido de investigação de Guaidó ocorre um dia depois de Washington anunciar sanções contra a petrolífera estatal venezuelana PDVSA e no dia em que os EUA, que reconheceram Guaidó como presidente interino, o apontaram como controlador de contas da Venezuela nos Estados Unidos.

Por ser um legislador, o deputado de 35 anos tem imunidade, que só pode ser retirada por um tribunal superior.

Atualmente, são 19 os países que reconheceram Guaidó como presidente. Maduro, que tomou posse no início deste mês para um segundo mandato depois de contestadas eleições no ano passado, acusa Guaidó de encenar um golpe liderado pelos EUA.

Repressão 

Centenas de milhares de pessoas protestaram no último dia 23 de janeiro contra Maduro, em manifestações que, pela primeira vez, tiveram a adesão de bairros e regiões cuja população era antes aliada do chavismo. A repressão se concentrou nessas áreas, e, segundo divulgou a ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça, 40 pessoas foram mortas, das quais ao menos 26 foram vítimas de disparos das Forças Armadas venezuelanas, disse o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville.

Também nesta terça-feira, o governo deteve um coronel considerado rebelde e que vinha ativamente pedindo a renúncia de Maduro. Oswaldo Garcia Palomo, de 54 anos, que se aposentou das Forças Armadas da Venezuela e vivia clandestinamente no exterior, voltou o país e acabou capturado por autoridades do governo.

A captura de Garcia é mais um sinal de que, apesar do crescente apoio angariado por Guaidó, o regime mantém o controle sobre o alto escalão do aparato militar no país.

 

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