Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de março de 2021
O Instituto Butantan receberá nesta quinta-feira (4) um novo lote de insumo farmacêutico ativo (IFA) vindo da China para produção de mais 14 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra covid-19 do laboratório chinês Sinovac, disse nessa segunda (1º) o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Doria disse que o Butantan entregará somente no mês de março 21 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.
O governador reiterou que, até o final de abril, o Butantan terá entregue 46 milhões de doses da CoronaVac ao PNI e, até o final de agosto, mais 54 milhões de doses do imunizante.
Diretor
O Instituto Butantan é uma entidade pública ligada ao governo estadual paulista. Nos bastidores da crise com o governo federal estão os dividendos políticos de dois protagonistas do cenário político brasileiro: o governador de São Paulo — que desde o princípio busca para si o capital político da vacina do Butantan — e o presidente da República Jair Bolsonaro — que em diversos episódios buscou difamar o imunizante.
No momento em que o Brasil vive seu pior momento desde o início da pandemia, com mais de 255 mil mortos e hospitais operando no limite de suas capacidades, o diretor do Butantan, Dimas Covas, diz que “a interferência política na saúde pública tem sido uma grande barreira para o combate adequado à epidemia e explica muito a posição do Brasil como vice-campeão mundial em mortes pelo covid-19”.
“A negação da gravidade de pandemia, a disseminação de tratamentos sem comprovação científica, o combate deliberado ao uso de máscaras e as medidas de restrição de circulação são os grande responsáveis, nesse momento, pela segunda onda explosiva que o país está sofrendo”, diz ele. “A história colocará essa tragédia na conta desses negacionistas”.
O diretor do Butantan, contudo, frisa que à despeito dessa batalha, o instituto paulista “continuará como o principal fornecedor [de vacinas ao Ministério da Saúde] por muito tempo ainda”.
Cobrança
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou não ter recebido até a data estipulada (28 de fevereiro) dados importantes do Instituto Butantan sobre a CoronaVac.
Quando aprovou a vacina para uso emergencial, em 17 de janeiro, a Diretoria-Colegiada da Anvisa determinou que informações adicionais de imunogenicidade, que é a capacidade da vacina em produzir anticorpos, fossem enviados até o último domingo.
No entanto, em nota divulgada nessa segunda diz que “o Instituto Butantan pediu a prorrogação do prazo de entrega do relatório de imunogenicidade”.
“Os técnicos explicaram que o principal motivo do atraso foi a dificuldade de disponibilidade e importação dos insumos e reagentes necessários para a conclusão dos estudos”, acrescenta o comunicado.
De acordo com a Anvisa, o termo de compromisso assinado com o Instituto Butantan exige a apresentação de dados como a “avaliação da resposta imunogênica de participantes do estudo clínico de fase 3 da vacina CoronaVac que desenvolveram a doença e um subgrupo de 10% dos participantes que não desenvolveram a doença nos períodos pré-vacinação, duas semanas e quatro semanas após a vacinação”.
O não cumprimento do acordo poderia, inclusive, resultar na suspensão da autorização de uso temporário da CoronaVac, embora isto não tenha sido aventado neste momento pela agência reguladora.