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Ali Klemt O inverno de nossos corações

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Junho chegou com a promessa de dias frios e ensolarados, daqueles típicos do nosso Rio Grande, em que “lagarteamos” ao sol, com um “chimas” na mão e o cheiro de “berga” no ar… Esse inverno que vem pela frente, porém, promete também o gosto amargo da perda. A perda que todos nós sofremos.

Alguns perderam o que há de mais valioso nessa vida: pessoas amadas. Essa perda é irreparável e, embora o luto venha a passar, a dor da ausência se fará presente para sempre. Outros perderam tudo o que tinham: casas, equipamentos. Sonhos que foram levados pelas águas de maio e que deixam o coração despedaçado pelo medo do futuro. E mesmo quem não perdeu coisa alguma, mesmo quem mantém a sua família, a sua casa e o seu negócio intactos… mesmo esses perderam. Perderam por serem solidários. Porque não estamos nesse mundo sozinhos, e a dor dos “nossos” também é a nossa dor.

Os números são assustadores, sim: 95 % das cidades do estado foram afetadas. Quase 600.000 pessoas desalojadas. 2.345.000 pessoas afetadas. E os quase onze milhões de gaúchos impactados, para sempre, pela tragédia sem precedentes que se abateu sobre esse estado.

O que não se perdeu, contudo, foi a fé. Pelo contrário, a fé foi resgatada, junto com tantos que foram salvos de cima dos telhados. A fé foi reencontrada nas profundezas de nossos corações despedaçados, porque a dor coletiva acabou nos unindo por um propósito: restaurar a esperança e o futuro.

É o tempo do inverno. O tempo da introspecção, do trabalho árduo. É o tempo de olhar para dentro, de aquecer o lar – seja ele qual for, agora. Que se construam lares de concreto, mas, sobretudo, de afeto. Foram assim mobilizados os abrigos aos desalojados, e é assim que deve permanecer o espírito do nosso povo, que pode até ser sério, mas mostrou que tem um coração absurdamente acolhedor.

O gaúcho contemporâneo ganhou novos tons de cor. A sisudez que lhe era típica deu lugar à figura de um gaúcho de mil e um tons. Um gaúcho simbolizado pelo heroísmo, pela resiliência, pelo carinho, pelo trabalho incansável, pela humildade, pela solidariedade e pela força para seguir em frente. O novo gaúcho tem um coração quente e mente rápida para combater e a força das águas e o frio do vento molhado.

Nosso coração está no inverno. Porém, como são as estações do ano, também assim é o ciclo da vida. Também assim é contada a história, e nós temos o poder de construi-la. E o estamos fazendo, extraindo da dor os valores que nortearão a nossa cultura e o nosso povo pelas próximas décadas. Pode apostar. O inverno está chegando, mas depois dele sempre vem a primavera…

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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