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O isolamento prolongado e os diversos efeitos adversos

O RS passou para a terceira posição no ranking nacional do isolamento social. (Foto: Divulgação)

O isolamento prolongado causa diversos efeitos adversos, que são exacerbados pelo medo da infecção pela Covid-19, frustração, tédio, informações inadequadas e perdas financeiras. Em relação à saúde mental, ocorre o agravamento de sintomas ansiosos, psicossomáticos, depressivos e de estresse pós-traumático com aumento do cortisol, desequilíbrio da glicemia e diminuição da imunidade.

Sabe-se que a depressão piora as doenças cardiovasculares pré-existentes, entre tantas outras. Recentes estudos italianos mostraram, inclusive, um aumento importante no índice de suicídio durante o confinamento nesse país. A Febre da Cabana é uma situação que ocorre às pessoas que ficam em confinamento e chegam a apresentar até mesmo sintomas psicóticos e comportamento agressivo.

Outras consequências do isolamento são o sedentarismo, a compulsão e a piora dos hábitos alimentares, que levam à obesidade, um importante fator de risco para o quadro grave de infecção pela Covid-19 e outras doenças. Sobre o consumo de drogas, um recente artigo da revista The Economist revelou que na Inglaterra, a maconha está sendo mais consumida, e no Brasil há dados sobre o aumento das vendas de tabaco.

O aumento do consumo do álcool também é uma realidade no nosso meio, formando junto com o isolamento, um caldo de cultura para a violência doméstica contra as mulheres, idosos e crianças.

O trauma que isso causa nas vidas dessas pessoas expostas a um ambiente altamente tóxico é incalculável. Também, a respeito do confinamento, a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que o maior número de casos de contaminação está ocorrendo dentro das casas, passando das ruas para dentro das famílias em casas fechadas, sem ventilação e sem ar puro.

Em artigo publicado no New York Times, o professor de Saúde Pública de Yale afirmou que a quarentena aumenta a chance de infecção entre os mais vulneráveis, além de ser uma medida que não funciona.

A perda da renda é outro prejuízo importante do isolamento. Revisão do British Medical Journal de 2020 reforça a bem estabelecida ligação entre renda e saúde, que atua através de vários mecanismos. A renda permite que as pessoas comprem os itens de necessidades para sua da vida, possibilita acessar recursos para melhorar a saúde, como a prática do exercício físico, e diminui a exposição à violência e atividades de risco.

Para piorar o cenário, com o lockdown veio o fechamento das escolas no objetivo de mitigar a transmissão, forçando os pais a ficarem em casa e diminuindo o seu contato com os colegas de trabalho.

Artigo do Lancet de 2020, mostrou que além de ser uma medida ineficaz, traz desastroso impacto para a sociedade: perda da produtividade dos pais em home-office e perda de mão-de-obra importante de trabalho, como os próprios profissionais da saúde.

Além disso, aumenta o tempo das crianças frente às telas, traz perdas para a educação e o estado nutricional das crianças, principalmente aquelas mais vulneráveis e expostas à violência doméstica e todo o tipo de maus-tratos no ambiente familiar de risco.

Mais do que nunca, devemos estimular, com bom-senso, a prática de hábitos para uma vida saudável, valores transmitidos por gerações e que levam ao fortalecimento do sistema imunológico: alimentar-se de forma equilibrada, ter um sono reparador praticar atividade física, expôr-se ao sol para sinterizar Vitamina-D e estimular a espiritualidade.

Além disso, as medidas sanitárias são muito importantes, como lavar as mãos, tossir em direção ao solo, usar máscara, conservar os espaços bem ventilados e manter o distanciamento social.

Dra. Mariana Pedrini Uebel – CRM 26829, Psiquiatra da Infância, Adolescência e Adultos, PhD em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fellowship em Psiquiatria pela Columbia University of NY at NYS Psychiatric Institute, Pós-Doutorado em Psiquiatria pela UNIFESP. (Foto: Divulgação)

 

 

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