Quinta-feira, 10 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2017
Zapear os telejornais é suficiente para confirmar a alta expectativa em relação ao segundo depoimento do ex-presidente Lula ao juiz federal Sergio Moro.
As emissoras prepararam esquema especial – inclusive com o envio de mais repórteres a Curitiba – para transmitir os bastidores do encontro que acontecerá nesta quarta-feira (13).
A maior parte dos telejornais anuncia o fato como se fosse uma luta de espadachins entre uma figura heroica – o juiz Sérgio Moro – e uma de vilão – que seria Lula.
Notícia ou novela? A tendência tem sido categorizar pessoas e romantizar situações. “Mais importante do que ser, é parecer ser”, ensinou Maquiavel, autor de “O Príncipe”, livro de cabeceira de quem ambiciona o poder a qualquer custo.
Conceitos que deveriam ser sagrados nos noticiários da TV, como a imparcialidade e o contraditório, agora se tornam flexíveis e, em muitos casos, são assumidamente ignorados.
Apresentado como se fosse um confronto novelesco, o testemunho de Lula a Moro vai impulsionar ainda mais a audiência e a influência do jornalismo televisivo.
No primeiro “cara a cara” entre o líder do PT e o principal nome da Operação Lava Jato, em 10 de maio, a cobertura rendeu média de 31 pontos no Ibope para o “Jornal Nacional”, 9 para o “Jornal da Record”, e 6 para o “SBT Brasil” e o “Jornal da Band” – excelentes índices de público, acima do normal.
Com o recente retorno do sinal de canais como Record, SBT e RedeTV! às operadoras de TV paga, prevê-se repercussão ainda maior.
Todos estarão de olho nos “inimigos” Lula e Moro – e a se perguntar: haverá bate-boca? Há chance de prisão? Quem ganhará o duelo?
Coincidência ou não a novela de maior repercussão da televisão ganha mais contorno policial neste exato momento, com a prisão de uma protagonista, após ser interrogada pelo delegado da trama. É a ficção e a vida real andando de mãos dadas.
Protestos e apoio
Grupos a favor e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcaram protestos para esta quarta-feira (13), dia em que Lula presta depoimento ao juiz Sérgio Moro, na sede da Justiça Federal, em Curitiba.
Militantes do PT e representantes de entidades e movimentos sociais da “Frente Brasil Popular” marcaram a “Segunda Jornada de Lutas pela Democracia”, no Paço Municipal, na praça Generoso Marques, no centro da cidade. Os protestos estão previstos para começar às 14h, o mesmo horário do início do depoimento. Durante as manifestações, será lançado o livro “Comentários a uma sentença anunciada: o processo de Lula”. Ao final da tarde o movimento aguarda a presença do ex-presidente para um rápido comício.
Já em apoio à operação Lava Jato, e contra o ex-presidente, outros movimentos sociais começaram a se mobilizar, entre eles o MBL (Movimento Brasil Livre), o Lava Togas e o Curitiba Contra a Corrupção. A concentração acontece em frente ao MON (Museu Oscar Niemeyer), no Centro Cívico, a partir das 13h.
No primeiro depoimento, no dia 10 de maio, o prédio da Justiça Federal foi cercado e a região teve movimentação restrita, com o cadastro dos moradores e da imprensa.
Em maio foram gastos R$ 110 mil na operação que incluiu 3 mil agentes (dos quais 1,7 mil policiais militares) e até um helicóptero que sobrevoou o prédio da Justiça por 16 horas.