Domingo, 26 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2017
Nesta segunda-feira (4), o juiz federal Sergio Moro negou o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suspender os interrogatórios de Marcelo Odebrecht e do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Os depoimentos estão no âmbito da ação em que Lula responde por supostas vantagens indevidas recebidas da Odebrecht. Marcelo presta depoimento na tarde desta segunda-feira. Já Palocci será interrogado quarta-feira (6).
A defesa de Lula havia argumentado, na sexta-feira (1), que houve cerceamento. Os advogados afirmam que não tiveram acesso à integra de todos os documentos do departamento de propina da Odebrecht, e pediam um prazo de 30 dias para a análise.
Moro afirmou no entanto que, caso seja necessário, os acusados poderão prestar novos depoimentos para complementar informações sobre documentos juntados recentemente. “Não há base legal, porém, para a pretensão da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva de requerer tais provas antecipadamente e com isso suspender o processo para aguardar a produção dessas mesmas provas. Isso sem prejuízo de serem os acusados ouvidos novamente para questões complementares no futuro”, escreveu Moro.
O ex-presidente prestará depoimento no dia 13 de setembro, em Curitiba. Além de Marcelo, Odebrecht, nesta segunda-feira também prestam depoimento Demerval de Souza Gusmão Filho e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo.
Em delação premiada, o empresário Marcelo Odebrecht disse que Lula foi beneficiado com a compra, por R$ 12 milhões, de um imóvel em São Paulo que seria destinado ao Instituto Lula, mas não foi usado.
Negociação
Na semana passada, a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo revelou que o advogado espanhol Rodrigo Tacla Duran, apontado como operador de propinas da Odebrecht, acusa o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo do juiz Sérgio Moro, de negociar facilidades, como redução de penas e multas, em acordos de delação premiada na Operação Lava Jato.
Por possuir dupla cidadania, Tacla Duran, que foi acusado de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa, vive hoje na Espanha. Ele acusa Zucolotto de ter pedido R$ 5 milhões para “aliviar” pedido de condenação e multa.
Já a coluna Radar, da revista Veja, publicada no sábado (2), diz que o escritório Zucolotto, que também tinha como sócia Rosângela Moro – mulher de Sergio Moro – era correspondente, em Curitiba, do escritório do advogado espanhol.
Alegando sigilo profissional, o escritório de Tacla Duran não informa cifras nem detalhes sobre o trabalho realizado pelos advogados para os quais fez pagamentos. A informação dando conta das relações entre o investigado e o escritório do amigo e da mulher do juiz Sérgio Moro foi ocultada do processo envolvendo Tacla Duran, segundo o jornalista Luis Nassif. Caso constasse, configuraria conflito de interesse, e Moro seria impedido de julgar o operador da Odebrecht.