Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2018
A Nasa (a agência espacial americana) adiou, pela terceira vez, o lançamento da sua primeira missão para “tocar” o Sol, a Parker Solar Probe. A operação estava prevista para acontecer às 4h48min da manhã deste sábado (11), horário de Brasília, mas teve que ser adiada mais uma vez após problemas técnicos. As equipes tentarão realizar um novo lançamento na manhã deste domingo (12).
A nave espacial deverá se aproximar da enorme estrela cheia de hidrogênio e hélio e enfrentará temperaturas altíssimas, assim como níveis de radiação. Os cientistas vão chegar mais perto do que nunca – na atmosfera externa do Sol – o que será colhido de informação pelo caminho também será importante.
Material especial
A nave espacial seria lançada da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos. Uma janela de lançamento foi aberta neste sábado (11) às 3h48min da madrugada da Flórida (4h48 de Brasília) e deverá ser encerrada até o domingo (19).
De acordo com a agência EFE, os prognósticos meteorológicos eram favoráveis, com 70% de chance de tempo bom. A Nasa chegou a confirmar que estava com tudo pronto para o início da missão na madrugada deste sábado (11), e disse que ela será “histórica”.
“Esta missão é um tremendo desafio de engenharia e ciência. As informações que resultarem do experimento vão revolucionar nosso entendimento do Sol”, garantiu Juan Felipe Ruiz, engenheiro mecânico da sonda Parker.
A Parker Solar Probe (PSP) é uma nave única: foi projetada para suportar condições brutais de calor e radiação, com uma blindagem que é resultado de anos de pesquisas.
A PSP chegará sete vezes mais perto do Sol do que qualquer outra espaçonave;
Para suportar as altas temperaturas, ela terá um escudo especial com 11,43 centímetros de espessura;
O material deverá suportar temperaturas que passam de 1,3 mil ºC – a superfície do Sol pode chegar a 5,5 mil ºC. A coroa, atmosfera externa, pode ter milhares de graus Celsius. Por isso, vamos chegar até um certo limite;
A PSP terá mais ou menos o tamanho de um carro;
A sonda tem custo de US$ 1,5 bilhão (R$ 5,8 bilhões).
O que queremos descobrir?
Aprender mais sobre os ventos solares e entender os motivos de a atmosfera externa do Sol ser mais quente que a superfície.
O nome da missão – Parker Solar Probe – é uma homenagem a Eugene Newman Parker, astrofísco de Michigan. Foi ele quem descobriu uma solução matemática para comprovar os ventos solares. Parker recebeu a honra de ter uma missão com seu nome ainda vivo, uma raridade na história da Nasa.
Mas o que são os ventos solares e por que é importante entender mais sobre eles?
Os ventos solares são um fluxo de partículas que sai constantemente do Sol. Essas partículas, basicamente prótons e elétrons, têm uma energia cinética (velocidade) muito grande, como diz a astrofísica Adriana Valio, da Universidade Mackenzie.
Ela explica que essa energia supera a energia gravitacional do Sol. Ou seja: a atração gravitacional, da massa do Sol, é menor na parte da coroa solar – topo da atmosfera da estrela – local de onde saem as partículas.
É a mesma lei que nos segura no chão da Terra e não nos deixa sair flutuando pelo espaço: nosso planeta também tem sua força gravitacional, e é ela que nos prende aqui. No Sol, na parte da coroa, as partículas têm tanta energia que conseguem “escapar” dessa força em um fluxo que é eterno. Isso cria o que chamamos de ventos solares, que são constantes e banham todo o Sistema.
O astrofísico José Dias Nascimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, explica que a missão deverá analisar pela primeira vez essas partículas. E, com isso, entender a influência delas sobre o sistema como um todo.
“É importante ver como é a interação das estrelas com o Sol no seu meio interestelar, como isso afeta os planetas. Em Marte, por exemplo, sabemos que há uma desidratação. A gente não consegue medir ainda como é essa radiação que sai do Sol e se há alguma influência no planeta, por exemplo”, disse.
A Terra, com suas particularidades e seu campo magnético, é em maior parte protegida dos ventos solares. Mas as auroras boreais, por exemplo, são as partículas cheias de energia dos ventos solares que conseguem escapar e entrar pelos polos do nosso planeta.