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O líder indígena Raoni vai ao Festival de Cannes denunciar o desmatamento

Líder indígena brasileiro Raoni Metuktire e o diretor de cinema belga Jean-Pierre Dutilleux em Cannes. (Foto: Reprodução)

Em visita à Europa, o líder indígena brasileiro Raoni Metuktire participou nesta sexta-feira (24) do Festival de Cannes. A presença de cacique kayapó no evento faz parte de sua turnê pelo continente europeu em busca de apoio para a defesa da Amazônia.

O cacique kayapó caminhou pelo tapete vermelho ao lado do diretor belga Jean-Pierre Dutilleux, que dirigiu o documentário “Raoni” sobre o líder indígena. O filme foi selecionado para o Festival de Cannes em 1977 e chegou a concorrer ao Oscar em 1979.

Em Cannes, Raoni acompanhou a exibição do longa “Sibyl”, da diretora francesa Justine Triet. No sábado, ele participará de uma coletiva de imprensa para falar de sua viagem pela Europa.

Turnê europeia

O cacique kayapó, ao lado de outros três líderes indígenas que vivem no Xingu, iniciou em 13 de maio uma turnê de três semanas por países europeus, para promover sua luta contra o desmatamento da Amazônia e proteger o Parque Nacional Indígena do Xingu – reserva onde vivem vários povos indígenas – de madeireiros e do agronegócio.

Raoni tenta arrecadar 1 milhão de euros, que devem ser usados para sinalizar melhor os limites da reserva do Xingu e comprar drones e equipamentos para vigiar a região e protegê-la contra incêndios, segundo a Foret Vierge, organização que o cacique preside de forma honorária.

Líder da etnia kayapó, o cacique de 87 anos ganhou visibilidade internacional nas últimas décadas em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia.

Durante a viagem, Raoni já passou por Paris, onde se reuniu com o presidente francês, Emmanuel Macron, Bruxelas e Luxemburgo. De Cannes, o líder seguirá para Itália e Vaticano, onde será recebido pelo Papa Francisco.

A viagem de Raoni ocorre num momento de apreensão para os povos indígenas no Brasil devido a medidas adotadas ou anunciadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Em abril, Bolsonaro afirmou que propôs a seu homólogo americano, Donald Trump, a abertura da exploração da região amazônica em parceria com os Estados Unidos.

O presidente criticou também o que chama de “indústria” de demarcação de terras indígenas, que inviabilizaria projetos de desenvolvimento da Amazônia, e afirmou que pretende rever demarcações. O governo também defendeu a possibilidade de ampliar atividades de mineração e agropecuária em terras indígenas

A turnê na Europa recebeu o apoio de figuras como o cantor Sting, que há 30 anos realizou uma turnê ao lado do cacique por 17 países e o ajudou a ganhar notoriedade internacional na luta pela proteção dos povos do Xingu.

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