Em recente entrevista a meios de comunicação durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, pediu ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que “defina linhas [de ação] o mais rapidamente possível, porque seria bom para o mundo”.
O que Malcorra e o governo Mauricio Macri não esperavam era que essas linhas afetassem, diretamente, a relação entre os dois países. Ontem, foi confirmado que o Departamento de Agricultura americano (USDA, na sigla em inglês) suspendeu, por um período inicial de 60 dias, a importação de limões argentinos.
“O USDA, de acordo com as orientações da Casa Branca estabelecidas em 20 de janeiro de 2017 [posse de Trump], suspenderá por 60 dias sua decisão de permitir a importação de limões frescos provenientes do noroeste argentino, emitida em 23 de dezembro de 2016”, explicou o departamento do governo americano, em nota oficial.
Tudo indica que a situação dos limões argentinos está sendo reavaliada — assim como todo o comércio dos EUA com o mundo. A Casa Rosada tinha, claramente, outras expectativas, baseadas, talvez, na relação entre Macri e Trump, velhos conhecidos que já fizeram negócios juntos. No último ano de governo do ex-presidente Barack Obama (que teve boa sintonia com o chefe de Estado argentino), o governo americano liberou a entrada dos limões e, também, da carne bovina argentina.
O ministro da Agricultura argentino, Ricardo Buryaile, tinha se mostrado otimista em relação à continuidade de ambas as medidas.
“Foram cumpridos tantos os passos sanitários quanto os políticos. É verdade que houve vontade política dos governos Macri e Obama, mas acho que os procedimentos já estão aprovados”, havia declarado o ministro argentino pouco dias antes da posse de Trump.
Ontem, Buryaile tentou minimizar a medida adotada pelo USDA: “É normal que um novo governo precise de tempo para pensar suas decisões. Segundo o ministro, “o que vai acontecer é que a entrada [dos limões] vai demorar 60 dias, mas depois disso, tanto os limões como a carne vão entrar”. (AG)