A maioria dos leitores tomou conhecimento da pesquisa do Instituto Ipec, divulgada na última sexta-feira, que avaliou o governo Lula. Sabemos o quanto pesquisa é indispensável para marcas, imagem e reputação. É, por analogia, o exame laboratorial que todo médico solicita antes de prescrever. O resultado desse, sem trocadilhos com o título, tem como resumo da ópera:
– o número de pessoas que aprovam a gestão de Lula, classificando-a como ótima ou boa, caiu de 38% em dezembro de 2023 para 33% em março de 2024, uma queda de cinco pontos em três meses.
– um aumento na percepção negativa do governo, com aqueles que avaliam a gestão como ruim ou péssima subindo de 30% para 32%.
– chama muito a atenção que a aprovação de Lula teve queda expressiva no Nordeste, região do país que mais costuma apoiá-lo: de 52% para 43%.
Não tem como negar que o avaliado contribui para performar assim. Nesse primeiro ano de mandato escorregou, duas vezes, numa praia que já surfou bem. Política externa. Caiu da prancha nos comentários sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a ponto de ser criticado publicamente pelos Estados Unidos e por líderes europeus. Caiu também, nas declarações sobre o conflito Israel e Hamas.
Surfou bem na área social e na economia. Dois setores importantes para a população brasileira. Na economia crescimento próximo dos 3%, a taxa de desemprego abaixo dos 8%, algo que não acontecia desde 2014. Outro destaque positivo, segundo o IBGE, foi a agropecuária, que cresceu 15,1% de 2022 para 2023. Mais um desempenho significativo foi o número de trabalhadores com carteira assinada que atingiu o maior índice desde janeiro de 2015, segundo dados do IBGE. Além disso, recriou o Bolsa Família e o importante programa Minha Casa Minha Vida que contribui para ativar um importante setor da economia, a construção civil.
Feita contextualização sublinho, como já perceberam, esse texto não é sobre música e sim sobre imagem e comunicação. Pergunto: como um governo que teve um desempenho muito bom na economia pode ter sua avaliação em queda? Como modesto estudioso do assunto afirmo: uma imagem (privada ou pública) é construída e sustentada por fatos concretos e comunicação. Leia- se comunicação em seus pilares vitais: imprensa, relações-públicas e propaganda . Em alguma dessas partituras o governo estará falhando? Ou o maestro está desafinado?
(Gil Kurtz é diretor da KG Consultoria especialista em gestão de imagem e conflitos. Conselheiro da Advb RS e AJE POA)