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Colunistas O marginal

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Na política trafegam os ruins, os bons e os mais ou menos. No amplo espectro dos nossos concidadãos todos têm lugar ao sol para se oferecer e apresentar, com boas ou duvidosas intenções.

Lamentavelmente na política o lado sombrio dos seres humanos – que todos temos em alguma medida – sobressai dominante.

Vejam esse Pablo Marçal, que alguns chamam, não totalmente sem razão, de Pablo Lamaçal – assim como chamam, às vezes, o Silas Malafaia de Silas Malacraia. Se fosse para introduzir outra rima rica e rápida, daria para alcunhá-lo de Pablo Marçal, o marginal.

Impossível ser mais arrogante, agressivo, mal educado, amoral, dissimulado, destituído de empatia. Ele estende a insensibilidade cruel para limites jamais imaginados. Ele esbraveja, aplica apelidos, calunia e difama com uma espantosa naturalidade. Nada o comove. Na busca frenética pelos “cortes”, pequenos trechos que ele seleciona para os seus ataques, as suas pregações e falácias, o uso das redes a seu favor, usa as mil formas de uma serpente para esmagar o adversário ou prevalecer a sua versão.

Não há, na voz do personagem, nenhuma preocupação com o fundamento, a coerência, a racionalidade. Assim, ele vilipendia uma adversária acusando-a de ter causado o suicídio do pai. Ou pode atacar o outro insinuando, dizendo sem provas que ele é drogado. Não há freio nem controle, somente a procura dos termos mais ofensivos, aqueles que ferem mais fundo, e que dizem respeito à honra, à integridade, ao amor-próprio que eles – os adversários – possam ter.

No mundo caótico e singular de Marçal não há espaço para a verdade – a verdade não está em jogo nem é relevante. Se preciso chamar um inimigo de comunista, embora não exista da vida do cidadão nenhuma evidência a esse respeito, ele simplesmente o faz. De novo, de forma calculada, teatral, “articulada”, vai para cima o tempo todo, marcação baixa, não perdoa nem dá importância se não for perdoado.

O seu programa de governo para São Paulo é literalmente um monumento: um prédio de um quilômetro de altura. Vai criar dois milhões de empregos – como alguém que se leva a sério pode prometer uma leviandade desse porte? É adepto entusiasmado do princípio de que quanto mais escabrosa é a mentira maior a chance das pessoas acreditarem nela (A.Hitler).

Mas então ele não tem nenhuma virtude, nenhum valor? Não que eu – que sou um homem de boa vontade – consiga ver.

Pois esta figura abominável, capaz de todas as vilanias, está na política , é candidato a prefeito da maior cidade do país, tem gente boa que acha que ele é inteligente – um fenômeno –, e nas pesquisas, tem por enquanto 20 por cento das preferências dos eleitores paulistanos.

É doloroso dizer, mas Pablo Marçal sobrevive, faz nome e fortuna, através de milhares pessoas – milhões, não só no Brasil mas ao redor do mundo – que ao invés de lidar com as suas próprias frustrações, abraça o primeiro e estrepitoso aventureiro que aparece para vocalizá-las, propondo soluções fáceis porém falaciosas, dando-lhes a esperança da redenção.

Até teria algum sentido se aprendessem com a decepção que se segue.

(titoguarniere@terra.com.br)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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