Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2020
O médico que sofreu mordida de um paciente e teve parte do rosto arrancada, na Santa Casa de Araçatuba (SP), não teve, por milímetros, a veia jugular, conhecida por ser a principal por drenar o sangue, atingida durante a agressão, segundo a assessoria da unidade hospitalar.
O caso foi registrado na noite de domingo (16). Além de morder o médico plantonista, o jovem de 22 anos agrediu outra médica, um paciente e quebrou portas do pronto-socorro. Ele foi autuado por lesão corporal e dano, e será investigado em liberdade.
De acordo com testemunhas, o agressor foi levado até o hospital depois de sofrer ferimentos em um dos braços durante um churrasco.
Uma médica plantonista foi avaliar o ferimento, quando o paciente a empurrou e a jogou no chão. Na sequência, outro médico foi ajudá-la, mas acabou sendo agredido com uma mordida no pescoço. De acordo com o hospital, o homem apresentava sinais de embriaguez.
Ainda segundo a Santa Casa, o homem passou a correr dentro da unidade, quebrou a porta do banheiro da recepção e agrediu um paciente. Ele foi contido e encaminhado pela Policia Militar ao plantão policial.
De acordo com o boletim de ocorrência, o homem alegou à polícia que o médico o teria xingado e, por isso, “perdeu a cabeça”. Ele foi autuado por lesão corporal e dano, e será investigado em liberdade.
Ainda segundo o hospital, o médico agredido passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
A administração da Santa Casa de Araçatuba e a direção clínica ressaltaram que estão tomando as providências legais em relação à responsabilização criminal e civil em relação ao caso.
Caso parecido
Em novembro do ano passado, um médico do Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, teve graves ferimentos no rosto ao ser agredido pelo companheiro de uma mulher em trabalho de parto. Ele teria se irritado com a recomendação do obstetra para que a mulher caminhasse pelo corredor do hospital, para aumentar a dilatação.
O médico passou por uma cirurgia de reconstrução no rosto e precisou fazer o reimplante de dentes. O agressor fugiu e seguiu com a mulher para o Hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, onde foi preso pela Polícia Militar.
De acordo com a obstetra Ana Comin, o médico, que estava no último ano de residência médica em ginecologia e obstetrícia, recebeu a paciente, a examinou e constatou que estava com 3 centímetros de dilatação. Ela diz que, nessas condições, ainda não há necessidade de internação. Em nota, o Hospital Marieta confirmou que o médico seguiu os protocolos do Ministério da Saúde no atendimento.
O marido insistiu para entrar com a mulher na sala — o que não é autorizado, segundo a médica, porque há outras pacientes que também ficam no mesmo local. A recomendação do obstetra foi para que ela caminhasse por cerca de duas horas, para estimular o trabalho de parto.
“Ela saiu, e depois bateu na porta. A enfermeira atendeu, ela disse que queria ir para casa, e a enfermeira chamou o médico. Ele falava com ela com a porta entreaberta quando recebeu o soco, nem viu de onde veio”, relatou a médica.
Segundo ela, a própria mulher teria dito à equipe, após a agressão, que o marido é ciumento. “Não se sabe se ele teve ciúmes, ou não gostou da conduta médica”, disse.