Sempre é oportuno repensar o papel do Estado. Diferentemente do que a grande maioria da população acredita, muito por questões de ordem cultural, de que é papel do Estado prestar serviços de educação, saúde e segurança, estou plenamente convencido de que o povo seria muito mais feliz e bem atendido se tais obrigações fossem transferidas para a iniciativa privada. Contrariando essa cultura de mais de séculos, não tenho a menor dúvida de que o real papel do Estado deve ser apenas e tão somente o de garantir a todos os cidadãos os direitos individuais fundamentais, tais como direito à vida, direito à liberdade e direito à propriedade.
Quando vejo governantes procurando fazer parcerias, concessões ou privatizações, entregando as mais diversas atividades para a iniciativa privada, como é o caso de estradas, energia elétrica, portos e aeroportos, noto grande avanço, mesmo quando é feito por necessidade, e não por convicção. Atualmente muitos políticos já estão se dando conta de que, primeiro, eles não têm mais dinheiro para investir em tais setores, e segundo, que eles também não têm a mínima competência para administrar. Agora me pergunto: se eles não têm capacidade de cuidar dessas áreas, por que teriam com a prestação de serviços como saúde, educação e segurança?
Vejam que todos os governantes que estão se rendendo a esse irreparável bom senso se obrigam a colocar nos editais as normas e decisões a serem respeitadas pelos parceiros ou concessionários que manifestam interesse pela prestação dos serviços especificados. Assim, com total liberdade, só participa das concorrências quem mostrar capacidade e disposição para cumprir o programa estabelecido na proposta.
Ora, se energia, estradas, portos e aeroportos, que são serviços extremamente importantes e necessários para a sociedade, podem e devem passar para a iniciativa privada, que sabidamente presta um melhor serviço e atendimento, com resultados econômicos bem mais em conta, mais do que nunca a educação, saúde e segurança deveriam ser transferidas, cada uma com suas regras específicas, para a iniciativa privada.
Quando os governantes e o povo amadurecerem suficientemente, a ponto de entender que esse é o caminho, que além de mais eficiente é mais em conta financeiramente, todos chegarão a uma simples conclusão, como esta de Bastiat: o Estado é uma grande ficção, no qual todos querem viver à custa dos outros. Onde somos ludibriados e roubados, sendo obrigados a pagar impostos e nunca ter o devido serviço em contrapartida.
Richard Sacks, empreendedor e associado do IEE.