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O mercado financeiro chega às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária convicto de que o Banco Central fará um novo corte de 1 ponto percentual na Selic, o que levará a taxa básica de juros da economia brasileira para 8,25% ao ano

Todos os 43 economistas ouvidos esperam que a Selic vá para 8,25%. (Foto: Reprodução)

O mercado chega às vésperas da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) convicto de que o BC (Banco Central) fará um novo corte de 1 ponto percentual na Selic, o que levará a taxa básica de juros para 8,25% ao ano. Há também grande expectativa de que o ciclo de alívio monetário não vai parar por aí. Para a maior parte dos analistas entrevistados, o juro deve, no mínimo, retomar ainda este ano o piso histórico, de 7,25% anuais, que foi registrado em outubro de 2012.

A diferença em relação ao que ocorreu há cinco anos é que, desta vez, o corte de juros acontece num ambiente de expectativas de inflação também em queda. E isso abre espaço para que muitos analistas trabalhem com juros estáveis, ou até levemente mais baixos, ao longo de 2018.

Uma novidade neste levantamento é que, pela primeira vez, a possibilidade de a Selic cair para a casa dos 6% entrou no radar. Três analistas trabalham com essa possibilidade entre este e o próximo ano. Em grande medida, esses cenários foram autorizados pelas declarações do diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, em encontro com economistas, de que não há qualquer compromisso com “escadinha”, ou seja, que o BC não precisa desacelerar o passo no fim do ciclo de corte de juros, segundo relatos de participantes desse encontro ao Valor.

E também de que o BC tem liberdade para reduzir os juros o quanto for necessário, ainda que isso resulte numa alta da taxa mais à frente. O mercado entendeu que essas afirmações abrem espaço para um corte de juros mais intenso – avaliação que não foi corrigida pelo Banco Central em comunicações posteriores.

O Valor entrevistou 43 economistas e todos esperam que a Selic vá para 8,25% na reunião que acontece nos dias 5 e 6 de setembro. Desse universo, 42 traçam projeções para o rumo do juro até o fim deste e do próximo ano. Desses, 19 analistas esperam que a Selic alcance 7% em dezembro deste ano. Um economista, da Mauá Capital, vai além e já vê a Selic em 6,75% no fim deste ano.

Outros dez preveem que a Selic caia para 7,25% no fim de 2017, enquanto nove projetam um juro de 7,50% e dois trabalham com uma taxa de 7,75%. Um único analista – da casa de análise Eleven Financial – espera que o juro esteja em 8% no encerramento do ano

Para 2018, as projeções estão mais desalinhadas. A maioria – 29 entrevistados – vê o juro inalterado até o fim do ano. Mas oito economistas acreditam que o juro pode voltar a subir, enquanto cinco acham que o ciclo de alívio monetário ainda se estende até o começo do próximo ano.

Mesmo a perspectiva de que a retomada da atividade deva ocorrer pelo consumo, apontada pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, não altera esse cenário positivo para os juros. O economista-chefe da JGP, Fernando Rocha, compartilha da visão de que o ciclo de crédito vai estar.

mais favorável daqui para frente, porque as concessões de financiamento estão retornando e o juro está caindo. Ainda assim, afirma, “é baixo o risco de isso gerar inflação pois existe muita capacidade ociosa na economia, tanto na capacidade de produção das firmas quanto no mercado de trabalho.

Para o economista da Truxt Investimentos, André Duarte, com o nível de ociosidade alto, são “crescentes os riscos de que a inflação seja mais baixa do que o limite inferior da banda de tolerância”, embora o cenário-base do
especialista ainda seja de que o IPCA atinja a meta. Ele observa que a recuperação dos preços de alimentação está ocorrendo de forma mais lenta e menos intensa do que o esperado. “Entendemos ser este o principal risco,
embora, ressalta-se, que a desinflação é intensa e difusa.” (Valor)

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