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Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2018
A economia brasileira ganhou um pouco mais de força no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre, mas a melhora entre os meses de julho a setembro se deve à fraca base de comparação com o trimestre anterior – cujo resultado foi afetado pela greve dos caminhoneiros no final de maio.
Na visão de economistas, apesar da melhora da confiança de empresários e consumidores, o ritmo de recuperação ainda segue lento e as projeções de avanço mais forte a partir de 2019 estão amplamente ancoradas na expectativa de medidas de ajuste fiscal, como a aprovação de uma reforma da Previdência já no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
O resultado oficial do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre será divulgado nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O intervalo das projeções para o terceiro trimestre varia de 0,3% a 1,1%, segundo levantamento realizado pelo site G1. Das 12 consultorias e instituições financeiras consultadas, sete esperam uma alta entre 0,7% e 0,8% na comparação com o segundo trimestre.
O resultado oficial do PIB do terceiro trimestre irá incorporar também os dados revisados das contas nacionais dos últimos dois anos, o que sempre traz um desafio maior para as estimativas feitas pelo mercado. No início deste mês, o IBGE divulgou que a retração da economia brasileira em 2016 foi menor, de 3,3%, ante 3,5% divulgado anteriormente.
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País e serve para medir a evolução da economia. Em 2017, o PIB teve uma alta de 1%, após dois anos consecutivos de retração. No primeiro trimestre, a alta do PIB foi de 0,1%, e no segundo trimestre, de 0,2%.
A média do mercado prevê que a economia brasileira irá crescer 1,39% em 2018, segundo o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central, em linha com o esperado pelo governo (1,4%). Para o ano que vem, a expectativa do mercado para a expansão da economia seguiu inalterada em 2,5%
Destaques e frustrações
A expectativa é de que a maioria dos componentes do PIB, incluindo os setores de agropecuária, indústria e serviços, tenham apresentado crescimento no terceiro trimestre. Os economistas ponderam, entretanto, que a aceleração no terceiro trimestre se deu muito mais em função de um efeito compensação, depois do decepcionante resultado do PIB entre abril e junho.
“O ritmo de recuperação segue lento. Os números do terceiro trimestre podem aparentar um desempenho melhor, mas é porque a base de comparação era muito fraca no segundo trimestre por causa da greve dos caminhoneiros”, afirma Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.
A economista projeta que o PIB cresceu 0,7% na comparação com o segundo trimestre e 1,3% ante o terceiro trimestre do ano passado. Para o ano, a estimativa é de uma alta de 1,3%. “No início do ano, as projeções para o PIB do ano estavam próximas de 3%. Então, o crescimento deste ano é uma frustração sem sombra de dúvida”, afirma.
Segundo indicadores antecedentes divulgados pelo IBGE, o setor de serviços continuou mostrando uma fraca recuperação no terceiro trimestre, enquanto o varejo apresentou estagnação. Entre as maiores decepções do terceiro trimestre, está o desempenho da indústria, cuja produção caiu fortemente em setembro. A perda de fôlego do setor levou o Ibre/FGV a revisar a sua estimativa para o PIB do terceiro trimestre em relação ao segundo de 0,9% para 0,8%.
Entre os fatores que fizeram a indústria perder dinamismo, a economista Silvia Matos, do Ibre/FGV, cita a queda das exportações de veículos para a Argentina por conta da crise no país vizinho, a incerteza política decorrente da corrida eleitoral e o cenário internacional mais adverso em meio a perspectivas de menor crescimento econômico mundial, aumento de juros nos Estados Unidos e guerra comercial.
“Tivemos um terceiro trimestre que também foi difícil. Podemos dizer que a economia brasileira sobreviveu minimamente ao pós-greve. Para o quarto trimestre, as indicações são de que o PIB não deverá crescer tanto. Deve ter uma alta em torno de 0,4% e 0,5%”, avalia a economista do Ibre/FGV, que manteve em 1,5% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2018.
“Uma alta de 1,5% é um PIB até razoável diante das dificuldades. Mas claro que poderia ser melhor”, afirma Matos, destacando que o País ainda vai levar mais alguns anos para se recuperar das perdas acumuladas durante a recessão de 2014 a 2016.