Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 3 de fevereiro de 2018
Mais de cem organizações de defesa da criança e da sociedade civil, especialistas médicos e outros indivíduos estão instando o Facebook a tirar do ar seu aplicativo Messenger para crianças, sob o argumento de que o software acarreta riscos para a saúde e o desenvolvimento delas.
Em iniciativa organizada pela Campanha por uma Infância Livre de Comerciais, 19 organizações, entre as quais a Common Sense Media e a Public Citizen, assinaram uma carta que será enviada a Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook. A iniciativa é o mais recente exemplo de crítica à adoção de tecnologia digital em idade prematura e faz parte de uma onda mais ampla de reação à influência crescente do Vale do Silício. Acionistas da Apple, por exemplo, pediram que a empresa tome providências para evitar o vício em iPhone
Os signatários do manifesto contra o Messenger Kids afirmam que as crianças não estão preparadas para relacionamentos on-line e que lhes falta compreensão sobre privacidade e sobre o modo correto de compartilhar textos, imagens e vídeos. Mencionando pesquisas que apontam para uma possível conexão entre o uso de mídia social e uma incidência mais alta de depressão entre os adolescentes, a carta afirma que seria irresponsável, da parte do Facebook, expor crianças em idade pré-escolar a um serviço semelhante.
Além disso, os signatários expressaram preocupação quanto a um tempo maior de uso de eletrônicos por crianças pequenas e afirmaram que isso interferiria no desenvolvimento de capacidades cruciais, como interpretar emoções humanas, postergar a gratificação de desejos e se engajar com o mundo físico.
Em resposta, Antigone Davis, vice-presidente mundial de segurança do Facebook, disse que a rede trabalha com um “comitê de especialistas em questões familiares e desenvolvimento infantil, na criação do Messenger Kids, em parceria com a National PTA [associação nacional de pais e mestres dos EUA]”. O Facebook enfatizou que o Messenger Kids não contém publicidade e afirmou que os pais que usam o app dizem que ele os ajuda a manter contato com seus filhos durante as horas de trabalho ou quando eles não estão em casa.
O Messenger Kids foi lançado no fim de 2017. Ele permite que crianças de menos de 13 anos de idade se conectem com outras pessoas por meio de chats de texto e vídeo, em conversas a dois ou em grupo. O app requer permissão dos pais para assinatura, e todo contato adicionado precisa ser aprovado por um pai.