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O México suspendeu em seu território as operações da empresa dona do avião que caiu em Cuba

Avião caiu com 113 passageiros. (Foto: Jorge Luis Sánchez/Cubadebate/Fotos Públicas)

O governo mexicano anunciou na segunda-feira a suspensão temporária das atividades da companhia área Damojh, proprietária do avião que, na semana passada, sofreu uma queda em Cuba, provocando a morte de mais de 100 pessoas. Em nota, autoridades informaram que a decisão foi tomada a fim de realizar uma verificação extraordinária mais extensa para assegurar que a empresa do país continua a seguir com as normas previstas em lei.

O México auxilia na investigação conduzida pelas autoridades cubanas sobre a queda, tendo já enviado dois especialistas a Havana para colaborar. O avião havia sido arrendado pela companhia estatal Cubana de Aviación — que desativou muitos aviões antigos nos últimos meses por problemas mecânicos — da empresa mexicana Global Air, proprietária da Damojh, fundada no México em 1990, que tem três aviões para voos executivos e comerciais em México, Caribe, América Central e América do Sul.

A aeronave, fabricada em 1979, sofreu a queda pouco após decolar do aeroporto internacional de Havana, com 113 pessoas a bordo. Sobreviveram três mulheres, que foram imediatamente hospitalizadas em estado grave. Uma delas, morreu depois. O voo iria para a cidade de Holguín, no Leste do país caribenho. A queda ocorreu numa zona rural, e a aeronave ficou completamente queimada e danificada.

Segundo o México, a Damojh já havia sido suspensa temporariamente em duas ocasiões. A primeira foi em 2010, e a segundo no fim de 2013. No entanto, voltou a operar pouco depois, quando as ressalvas de segurança observadas pelas autoridades foram corrigidas.

Após a queda, dois pilotos relataram que a empresa mexicana já sofria há tempos de problemas de segurança. Um deles disse que um avião alugado da Damojh Airlines sumiu completamente do radar há oito anos. O outro ex-funcionário afirmou que era comum haver má manutenção das aeronaves.

Outro piloto, que costumava trabalhar para Damojh, Marco Aurelio Hernandez disse ao jornal mexicano “Milenio” que se queixou da falta de manutenção adequada dos aviões.

“Eu vivi vários incidentes nesta empresa, como falha de motor ou no sistema elétrico”, disse Hernandez.

O chefe do órgão de aviação civil da Guiana, capitão Egbert Field, disse à agência de notícias Associated Press que o mesmo Boeing 737 — que tinha quase 40 anos — foi impedido de usar o espaço aéreo da Guiana no ano passado depois que autoridades descobriram que sua tripulação estava sobrecarregando a bagagem em vôos em Cuba. Segundo a agência de notícias, autoridades guianenses descobriram malas guardadas até nos banheiros do avião.

O último acidente aéreo na ilha havia ocorrido em 29 de abril de 2017, quando um avião de transporte das Forças Armadas caiu com oito militares a bordo. O AN-26, de fabricação russa, bateu em uma montanha baixa, 90 quilômetros a oeste de Havana. Anteriormente, um avião da companhia aérea cubana Aerocaribbean caiu em 4 de novembro de 2010, com 68 pessoas a bordo, sendo 28 estrangeiros, quando fazia a rota entre Santiago de Cuba e Havana. Não houve sobreviventes. A queda da última sexta-feira é prejudicial à imagem da ilha caribenha, onde o turismo é elemento de peso para a economia.

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