Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2017
O Ministério da Fazenda vai pagar uma consultoria para viabilizar a troca de gestão do Hospital Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre. A instituição, que tem cerca de 200 leitos vazios corre o risco de fechar por falta de recursos após a prefeitura ter rescindido o contrato que garantia o repasse de R$ 1,4 milhão para atendimento pelo Sistema Único de Saúde.
O hospital, um dos mais antigos da Capital, tem dívidas com fornecedores e com a prefeitura. Os funcionários, menos da metade dos quase 600 que trabalhavam no local, continuam trabalhando, mesmo sem receber os salários há seis meses.
O diretor técnico do hospital, David Carvalho Kerber, explica que, para evitar o fechamento, é preciso que a auditoria aponte o total devido. “Temos uma conhecida que soma folha de pagamento, médicos, impostos”, enumera Kerber. “Estimamos entre R$ 65 milhões e R$ 70 milhões”.
A expectativa é de que a auditoria comece até esta quarta-feira, e que demore 90 dias pra ficar pronta. O passo seguinte é a realização de uma consultoria, feita por um hospital de excelência e paga pelo Ministério da Saúde, que vai criar uma espécie de plano de negócios para o hospital.
“Temos seis hospitais, incluindo Sírio-Libanês, Einstein, e o próprio Moinhos de Vento, que é da região. Um desses hospitais, preferencialmente o Moinhos de Vento, dedicará uma equipe para fazer rapidamente um diagnostico da situação e da realidade do hospital”, afirma o secretário nacional de Atenção à Saúde, Francisco Figueiredo. “Quem tiver rapidamente esta equipe disponível, nós colocaremos à disposição do hospital já agora em janeiro.”
O número de internações no Beneficência caiu de 126, em julho, para apenas duas em outubro. O desafio agora é manter o atendimento, até que as medidas para viabilizar o funcionamento da casa de saúde sejam tomadas.
Proposta
A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre apresentou uma proposta de tornar o Beneficência Portuguesa um hospital-escola. De acordo com o professor da universidade Paulo Roberto Fontes, a mudança permitira a expansão da residência médica para os alunos de 16 cursos, que hoje fazem a prática apenas na Santa Casa. Assim, garantiria recursos federais para manter o funcionamento dos 186 leitos do Sistema Único de Saúde.
“O hospital universitário tem verbas próprias, é suportado pelo governo federal”, afirma Fontes. “São 16 cursos de graduação, mais cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado, e mais de 350 residentes, então é uma força de trabalho que essa universidade tem, e certamente pode ajudar, e muito, a Beneficência Portuguesa.”