O Ministério da Fazenda revisou a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e em 2025. De acordo com a nova grade de parâmetros da Secretaria de Políticas Econômicos (SPE), divulgada ontem, a estimativa para este ano passou de 3,9% para 4,25% – mais próxima do teto da meta no ano, que é de 4,5%. Já no caso de 2025, a projeção foi de 3,3% para 3,4%. Em ambos os anos, o centro da meta é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual.
No documento, a SPE argumenta que, até o fim do ano, deverá haver recuo na inflação de preços monitorados pelo governo, como tarifas de serviços públicos, contrabalanceado parcialmente pelo avanço na inflação dos itens com preços livres. A nova estimativa para o IPCA de 2024 já leva em consideração os impactos do câmbio mais depreciado nos preços; um cenário de bandeira amarela para as tarifas de energia elétrica no fim do ano (agora em setembro vigora o patamar de bandeira vermelha nível 1, o que representa um custo extra de R$ 4,46 para cada 100 quilowatt-hora consumidos); e o reajuste no piso mínimo para os preços do cigarro.
A estimativa do governo ficou mais próxima das projeções do mercado financeiro, que, pela última edição do boletim Focus, espera alta de 4,3%. Mas algumas instituições financeiras não descartam a possibilidade de a inflação fechar o ano acima da meta, como reflexo da forte atividade econômica.
Por conta dessa expectativa, os analistas dão como certa a retomada do ciclo de alta da taxa básica de juros na próxima semana, quando haverá reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Prévia do PIB
A economia brasileira encolheu 0,41% em julho ante o mês anterior, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB). A desaceleração no mês foi menor do que a média das previsões do mercado, de queda de 0,5%. No acumulado do ano, a variação do IBC-Br chega a 2,61%, ante o mesmo período de 2023, e a 2,03% nos últimos 12 meses.
O IBC-Br serve para observar o ritmo da atividade econômica ao longo dos meses. O indicador vinha apresentando seguidas altas desde abril, após cair 0,17% em março. Em junho, havia registra variação positiva de 1,36%.
A avaliação dos economistas é de que os dados seguem apontando para um crescimento da atividade econômica acima do potencial do País. Pelos cálculos do banco, o crescimento do IBC-Br passou de 2,86%, em junho, para 3,22% em julho pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, acima do crescimento potencial do País, que está entre 2,0% e 2,5%.
Para o economista da LCA Consultores, Rodrigo Nishida, a retração em julho deveu-se a fatores pontuais, como a base de comparação alta, uma contração na indústria e a acomodação da produção agropecuária. Para ele, a economia segue forte, especialmente nos setores mais cíclicos, como os serviços, o comércio e a indústria de transformação. “A atividade econômica segue aquecida no terceiro trimestre”, enfatiza Nishida.