Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de março de 2021
Em avaliação do Ministério da Saúde, o Brasil pode nas próximas duas semanas, ainda em março, registrar diariamente a marca de até 3 mil mortes por covid-19 por dia. A informação é de reportagem publicada pelo Valor Econômico, nessa sexta-feira (5).
A previsão de explosão de óbitos em decorrência do coronavírus se dá a partir da soma de fatores como o alastramento do vírus em todo o País; a dificuldade da população em manter-se em isolamento social; a iminência do colapso na rede de saúde; a falta de vacinas disponíveis para imunizar a população em massa; e a circulação das novas variantes, mais contagiosas.
Para a equipe do ministro Eduardo Pazuello, não há muito o que se fazer no momento, a não ser o estímulo à reabertura de hospitais de campanha nos Estados.
A reportagem ainda cita que o governo federal cogita novas instalações provisórias para os próximos dias. Apesar do cenário caótico, um lockdown nacional está descartado.
De acordo com o Valor, a cúpula de Pazuello olha com cautela para o Sul do País, onde as redes hospitalares estão muito próximas do colapso.
São Paulo, na avaliação de Pazuello, tem conseguido evitar o pior, até o momento, porque tem a maior rede hospitalar do Brasil.
Caso haja um colapso na saúde paulista, a situação nacional pode ficar ainda pior, segundo o ministério.
Em relação à campanha de vacinação, a equipe do ministro espera acelerar o ritmo a partir deste mês, quando aumentam as produções do Butantan e da Fiocruz.
Vacinação em massa
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nessa sexta que, “talvez por infelicidade”, o presidente Jair Bolsonaro não tenha deixado claro o “problema” da saúde e da vacinação em massa contra a covid-19. Na quinta (4), o presidente afirmou ser preciso parar o que ele chamou de “frescura” e “mimimi” com a pandemia do novo coronavírus.
Crítico das medidas de isolamento necessárias para combater a doença, Bolsonaro questionou ainda até quando as pessoas ficarão, nas suas palavras, “chorando”. O coronavírus já matou quase 260 mil brasileiros, e a mortes estão em alta, batendo recordes nos últimos dias. Para Guedes, Bolsonaro acredita que saúde e economia andam juntos.
“É muito importante isso. Essa é a mensagem que, o tempo inteiro, o presidente tem tentado passar também. Que, talvez por infelicidade, não deixou claro o problema da saúde e da vacinação em massa. Mas a agonia dele com a economia é a seguinte: se você der o auxílio e chegar lá e a prateleira estiver vazia, todo mundo com o dinheiro na mão, há inflação, falta de alimentos. Temos que manter os sinais vitais da economia”, disse Guedes.
O ministro da Economia disse também que a vacinação em massa contra covid-19 é a “coisa mais importante” que se tem agora.
“O próximo passo agora é a vacinação em massa. É a coisa mais importante que tem agora. O presidente sempre falou que economia e saúde andam juntas. É a vacinação em massa, se não a economia não se sustenta. Ela volta a cair ali na frente. Da mesma forma, a saúde não se sustenta. Imaginem que a gente deu o auxílio emergencial e as prateleiras vazias porque as pessoas perderam a saúde, ou porque a economia se desorganizou. Nós não podemos deixar a economia se desorganizar”, disse Guedes.
Apesar da declaração do ministro, a vacinação anda em ritmo lento no Brasil por conta da baixa quantidade de doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. O ministério prevê entregar 38 milhões de doses de vacinas em março, uma redução de quase 8 milhões de doses em relação ao que foi divulgado em fevereiro.
Até agora, 7,9 milhões de pessoas receberam a a primeira dose da vacina, o equivalente a 3,75% da população brasileira. Guedes afirmou que o desafio é maior do momento é a vacinação, inclusive para não derrubar a economia:
“O grande desafio é a vacinação em massa. Na saúde, nós precisamos avançar rapidamente, para não derrubar a economia brasileira de novo. Além da dimensão humana, da tragédia das famílias, tem o perigo de derrubar a economia de novo, aí agudiza todo o problema brasileiro.”