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Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2020
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou, na sexta-feira (28), o afastamento imediato, inicialmente por seis meses, do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo por irregularidades na saúde. E, segundo o pedido do MPF (Ministério Público Federal), existiam três grupos com grande influência no governo Witzel.
Grupos de influência
– Grupo 1 – Mário Peixoto, empresário que presta serviços ao governo do RJ e preso em maio;
– Grupo 2 – Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, partido de Witzel;
– Grupo 3 – José Carlos de Melo, empresário que teria influência sobre deputados da Assembleia Legislativa do RJ (Alerj) e prestadoras de serviço do estado.
Em resumo, o Grupo 1 disputava com o Grupo 2 o poder nos contratos da administração Witzel. O Grupo 3 tinha maior poderio financeiro e viabilizava as operações de lavagem de dinheiro dos grupos.
Além dos três grupos, existem outros dois personagens importantes para entender a dinâmica do governo:
– Lucas Tristão, ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e homem de confiança de Witzel e Mário Peixoto;
– Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda e próximo a Witzel.
Segundo o MPF, o Grupo 1 teria feito chegar R$ 554 mil ao escritório de advocacia da esposa de Witzel. De acordo com o pedido de prisão preventiva ao STJ, a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), do Banco Central, relatou que o escritório de advocacia de Helena Witzel recebeu pagamentos suspeitos, entre 13/08/2019 a 19/05/2020, de R$ 554.236,50.
Sendo: R$ 280.000,00 do Hospital Jardim Amália LTDA; R$ 112.620,00 da DPAD Serviços D LTDA. ME; R$ 102.231,50 da QUALI CLÍNICAS GESTÃO E SERVIÇOS DE SAÚDE; e R$ 59.385,00 da COOTRAB COOPERATIVA CENTRAL DE TRABALHO.
Por meio da quebra do sigilo fiscal, os procuradores apontam que Wilson Witzel recebeu R$ 74 mil diretamente do escritório da esposa. Duas dessas transferências, realizadas em agosto e outra em outubro de 2019, foram feitas em datas próximas ao pagamento de clientes ao escritório de Helena.
Um depósito, de R$ 10 mil, feito pela COOTRAB, foi realizado no dia 13/08/2019, e Witzel recebeu a mesma quantia no mesmo dia. Outro pagamento, de R$ 15 mil, feito pela Quali, caiu na conta do escritório no dia 08/10/2019, dois dias depois, em 10/10/2019, a banca transferiu o mesmo valor para o governador.
Todas essas empresas estariam ligadas de alguma forma a pessoas de confiança de Witzel. O Hospital Jardim Amália é de propriedade da família de Gothardo Netto. DPAD e COOTRAB são de propriedade de Mário Peixoto, por meio de laranjas. A Quali Clínicas é de propriedade de um assessor do secretário de Educação do estado, Pedro Fernandes, tendo a documentação da empresa sido encontrada na casa de Lucas Tristão e de Alessandro Duarte, apontado como operador financeiro de Mário Peixoto.
Segundo o MPF, o Grupo 2, de Pastor Everaldo, comandava “como se proprietário fosse” alguns setores do governo do Rio de Janeiro.
A avaliação é de que Everaldo tinha muito poder sobre contratações e dos orçamentos da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), do Detran e da Secretaria da Saúde do estado.
“(O grupo) tinha como principais mecanismos de obtenção de recursos financeiros o direcionamento de licitações de Organizações Sociais (OS), mediante a instituição de uma “caixinha de propina” abastecida pelas OSs e seus fornecedores, e a cobrança de um percentual sobre pagamentos de restos a pagar a empresas fornecedoras do Estado”, diz o MPF.
O Grupo 3 de influência no esquema de Wilson Witzel é comandado pelo empresário José Carlos de Melo, que é dono da Unig, uma universidade em Nova Iguaçu.
Segundo a delação de Edmar Santos, José Carlos transita entre os grupos de poder comandados por Mário Peixoto e Pastor Everaldo.
A posição de destaque dele se deve, principalmente, de seu “expressivo poder econômico”, ou seja, ele tinha facilidade em fornecer dinheiro vivo para as transações do grupo. As informações são do portal de notícias G1.