Procuradores da República de sete Estados brasileiros encaminharam um ofício à Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, na última sexta-feira (18), com questionamentos sobre a produção da vacina do consórcio Oxford/AstraZeneca.
Os representantes do Ministério Público Federal (MPF) querem saber se a Fiocruz fez adaptações na planta da instituição para produzir a vacina. O prazo para o envio das respostas é de cinco dias.
Além disso, os procuradores perguntam à instituição qual é a capacidade de produção atual e “se a fundação será capaz de atender às aquisições previstas pelo plano nacional de vacinação”, e talvez ampliar a produção, se houver aumento da demanda.
Conforme prevê o “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, mais de 100 milhões de doses até julho e 30 milhões de doses por mês no segundo semestre de 2021. Isso, diz o MPF, faz com que o imunizante seja a principal aposta do Ministério da Saúde.
Os procuradores perguntam, ainda, sobre dúvidas científicas referentes à validade dos testes clínicos e possíveis reações adversas associadas à vacina AstraZeneca.
A preocupação do MPF é se esses problemas podem atrasar a aprovação emergencial ou o registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, consequentemente, a produção do imunizante pela Fiocruz.
Além disso, os procuradores pedem esclarecimentos sobre a parceria firmada entre a Fiocruz e o consórcio, principalmente em relação à transferência da tecnologia. O MPF quer saber o prazo de vigência e detalhar cronograma e fases.
Assinam o documento procuradores da República do Amazonas, do Distrito Federal, de Pernambuco, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, de São Paulo e de Sergipe.
Cobertura vacinal de crianças
Enquanto o mundo inteiro só pensa em uma vacina contra a covid-19, outras doenças que já poderiam ter desaparecido voltam a ficar sem controle no Brasil porque muita gente deixa de vacinar os filhos. Por conta disso, a Fiocruz decidiu investigar como está a cobertura vacinal no País.
A pesquisa foi batizada de “Inquérito de Cobertura Vacinal” e será focada nas crianças nascidas em 2017. Além de estimar quantas crianças foram vacinadas, o estudo deverá contribuir para a elaboração de futuras campanhas de vacinação no Brasil.
Para fazer o levantamento, agentes de campo da Fiocruz vão até a casa da criança selecionada para participar da pesquisa. O pesquisador conversar com o responsável da criança e preenche um questionário socioeconômico da família. Depois verifica, fotografa e analisa a caderneta de vacinação da criança.
“A gente faz um recorte com relação às vacinas mais relevantes que essa criança deveria ter tomado, do momento do seu nascimento até o presente momento, em especifico nos recortes de 12 meses, 18 meses e 24 meses de nascimento dessa criança”, explicou o coordenador do trabalho de campo da Fiocruz, Felipe Castelani.
Especialistas afirmam, que nos últimos cinco anos, o número de crianças vacinadas diminuiu. Em 2018, por exemplo, quase 100% (99,7%) das crianças foram vacinadas com a BCG, que protege contra a tuberculose. Já em 2020, esse percentual caiu para menos de 64% (63,88%).
Pesquisadora da Fiocruz há 37 anos, Silvana Granado diz o maior índice de vacinação está entre as famílias mais pobres do País.
“As classes mais baixas são as que mais vacinam. Elas são as que vão às Clinicas da Família. O extrato mais pobre é que tem a cobertura vacinal melhor”, disse.
A pesquisa será realizada em 19 capitais do País, além do Distrito Federal. A Fiocruz faz um apelo para que as famílias sorteadas participem do levantamento.