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Após o anúncio do pacote de corte de gastos do governo, ministro da Casa Civil atribui turbulências no mercado à ação “deliberada” do atual presidente do Banco Central

O ministro disse ainda estar em "contagem regressiva" para ter um BC dirigido por quem mora no Brasil e não mora em Miami. (Foto: EBC)

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, atribuiu as turbulências no mercado após o anúncio do pacote de corte de gastos do governo à ação “deliberada” do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que em sua visão vem “criando uma sensação permanente de instabilidade” e “só vive falando mal do Brasil”. O ministro disse ainda estar em “contagem regressiva” para ter um BC dirigido por quem mora no Brasil e não mora em Miami, em referência a Gabriel Galípolo, que assume o posto no ano que vem.

A fala de Rui Costa ocorre após uma disparada do dólar, que fechou essa sexta-feira (29) na casa dos R$ 6, após o anúncio do pacote de corte de gastos conjugado com uma isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais.

“O que não pode, que nos causou indignação, todo esse questionamento de hoje [do mercado] foi deliberadamente, em nossa opinião, motivado e ‘startado’ pela atual direção do Banco Central, que, na minha opinião, numa visão política de boicote ao governo, ficou criando uma sensação permanente de instabilidade”, disse Rui Costa. “[Campos Neto] vai para fora do Brasil, só vive falando mal do Brasil. Toda palestra que vai fala mal do Brasil”.

Segundo o ministro, “faltam apenas 30 dias para que a gente tenha uma direção que vai adotar, de forma autônoma, técnica, com competência, com conhecimento técnico, as medidas que precisam ser adotadas” na política monetária.

“Nós estamos em contagem regressiva para ter, não um Banco Central que seja com olhar para o Executivo, mas sim um Banco Central que tenha um olhar para o Brasil, dirigido por quem mora no Brasil e não mora em Miami. Por quem tem sua filha, sua família, residindo no Brasil. Por quem tem esperança em seu futuro pessoal, profissional, vinculado ao Brasil e não ao exterior”, afirmou.

“É muito mais producente quando você tem pessoas cuidando do país que vai morar nele, e não pessoas que estão já morando em outro país e prejudicando o seu país de origem.”

Rui Costa não quis responder se o Banco Central deveria estar vendendo dólares para tentar conter a alta da moeda americana. Mas disse acreditar que o fato de o mercado nos Estados Unidos estar fechado hoje, por conta de um feriado, tornou o mercado mais volátil. Ministro ainda afirmou que o dólar vai cair quando mercado entender “compromisso” do governo com o arcabouço.

“Hoje, o mercado americano está fechado. […] O mercado brasileiro é pequeno comparado com o mercado americano. Quando os dois estão abertos, você tem uma diminuição em movimentos mais tensos”, disse. “Quando só o mercado brasileiro está aberto, […] qualquer movimento é muito maior. Então, essa volatilidade hoje tem a ver também com o feriado americano, porque você movimentou um pouco e isso facilita manobras de subida artificial.”

Rui Costa disse ainda não acreditar que o anúncio das mudanças no Imposto de Renda tenham contaminado negativamente o impacto dos cortes anunciados por Haddad.

“Me desculpe, eu não posso acreditar nessa tese. O chamado mercado não é composto de pessoas desinformadas, de pessoas que se influenciam pela manchete. O chamado mercado tem assessoria técnica, tem muita gente trabalhando para ele e conhece as medidas”, afirmou.

“Essa medida [isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil] não é nova. Essa medida fez parte da campanha eleitoral do presidente. O presidente tem repetido sucessivamente, ‘eu desde o início do governo vou governar com previsibilidade, com segurança jurídica e garantia de longo prazo’.”

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