Alvo de busca e apreensão da PF (Polícia Federal) nessa quarta-feira, o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações) afirmou que os cerca de R$ 300 mil em dinheiro-vivo apreendidos em sua casa têm comprovação de origem. Ele também sustentou que a empresa suspeita de lhe repassar R$ 350 mil por mês prestava serviços para a JBS/Friboi.
“Os valores apreendidos preenchem todos os requisitos legais e têm vinculação com o bloqueio de bens do qual eu sou alvo, o que me leva a adotar esse tipo de conduta”, argumentou em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”. Ele se referia ao bloqueio judicial imposto em outra uma ação neste ano, a pedido do Ministério Público de São Paulo.
Durante a investigação que resultou na operação dessa quarta, delatores do grupo empresarial JBS/Friboi, dentre eles Wesley Batista (um dos donos do conglomerado), acusaram Kassab de receber R$ 350 mil por mês, de forma ilícita, por meio de uma empresa da qual o ministro foi sócio até 2014, a Yape. Isso teria ocorrido no período de 2010 a 2016.
A suspeita é de que a empresa tenha feito um contrato de fachada para dar aparência de legalidade aos pagamentos mensais. Em seus acordos de delação premiadas, executivos da JBS/Friboi relataram, porém, que a Yape não prestou os tais serviços, o que Kassab contesta.
“Prestou, está comprovado”, rebateu Kassab. “O Poder Judiciário vai comprovar em breve a realização dos serviços. Esses serviços começaram a ser prestados antes mesmo de os atuais proprietários estarem à frente da empresa. São de diversas naturezas, no campo de transporte, de locações, de consultoria, de assessoria, tendo os serviços ampla documentação comprovando a sua realização.”
O ministro também disse acreditar que o inquérito, aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) em fevereiro, está em fase final e será arquivada após a operação dessa quarta-feira:
“Essas operações de hoje vão corroborar a nossa convicção de que eles vão ter todos os elementos para arquivar a investigação. Todo o material que foi solicitado será encaminhado, até porque atestam os serviços prestados e a lisura das nossas ações”.
As buscas foram solicitadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) na última segunda-feira e autorizadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. O magistrado, hoje no Supremo, já foi secretário municipal na época em que Kassab era prefeito de São Paulo (2006-2012).
“Eu tenho um grande respeito pelo ministro Alexandre de Moraes, sei da sua seriedade e confio plenamente em sua conduta. Aliás, posso afirmar que confio no Poder Judiciário e no Ministério Público, tenho profundo respeito por essas instituições”, acrescentou.