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O ministro da Educação classificou o Fies como “tragédia”

(Foto: Pedro França/Agência Senado)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, explicou as diretrizes e prioridades da pasta, sobretudo em relação à proposta de descentralização dos recursos do MEC. Em audiência na Comissão de Educação do Senado, o chefe da pasta chamou de “desastre” e “tragédia” o Fies, programa de financiamento estudantil criado no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ampliado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Weintraub também disse que a sugestão de reduzir investimentos na área de humanas e direcioná-los a disciplinas de exatas ou biologia, como engenharia e medicina, é baseada em números e critérios técnicos. Segundo ele, apenas 13% da produção na área de ciências sociais aplicadas, humanas e linguística têm impacto científico.

Apesar do que considera ser um baixo desempenho, argumentou o ministro, a maioria das bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) seria destinada a estudantes da área de humanas. “Gente que é paga para estudar”, afirmou ele, e que, na maioria dos casos, não traria um retorno efetivo ao País. A Capes é uma fundação vinculada ao MEC responsável por conceder bolsas a estudantes de pós-graduação.

Weintraub ressaltou, no entanto, que pretende discutir o tema “de peito aberto” com o Congresso e que o MEC não “quer impor nada a ninguém”. Para ele, o modelo educacional aplicado no País deu errado e é necessário debater alternativas.

“O diálogo tem que ser feito com base em números, dados e premissas racionais. Que a gente se livre um pouco dos preconceitos”, comentou. Segundo estudo feito pelo antigo Ministério da Fazenda em 2017 sobre os impacto do Fies no patrimônio público, o não-pagamento da dívida por parte dos beneficiários, os subsídios do governo e o custo administrativo do programa tiveram um impacto de R$ 7,9 bilhões, naquele ano, sobre os recursos da União.

Durante a apresentação, o ministro ironizou as polêmicas recentes em torno da sua nomeação para o cargo. “Não estou chamando ninguém para briga, não tenho passagem pela polícia, estou zeradinho”, declarou ele aos senadores, provocando risadas.

O chefe da pasta da Educação mencionava os boatos que surgiram na internet de que ele teria antecedentes criminais. Também comentou que a imprensa “vasculhou” o seu desempenho acadêmico, em referência ao vazamento das notas baixas registradas em boletins dos seus primeiros semestres de graduação na USP.

Em vídeo divulgado nas suas redes sociais, o ministro se justificou dizendo que, na época, estava em depressão e também foi vítima de um acidente. “Eu era muito jovem, tinha 17 anos. Nesse primeiro ano e meio de faculdade, meus pais se separaram, teve o Plano Collor, minha família se desmanchou, tive depressão e sofri um acidente.”

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