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Brasil O Supremo liberou para julgamento a ação que dá auxílio-moradia a juízes

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Sem citar o nome de Lula, Fux (foto) disse que um candidato claramente inelegível não pode provocar a Justiça apenas para disputar “sub judice”. (Foto: Carlos Humberto/STF)

O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou nesta terça (19) para julgamento de mérito pelo plenário da Corte as liminares que garantiram o pagamento de auxílio-moradia a todos os magistrados do País, incluindo juízes federais, da Justiça Trabalhista, da Justiça Militar e estaduais. Com a decisão, caberá a presidente do STF, Cármen Lúcia, marcar a data do julgamento, que deve ocorrer a partir de 1º de fevereiro, quando a Corte retomará os trabalhos após período de recesso.

Em setembro de 2014, ao deferir duas liminares, Fux determinou que os tribunais fossem notificados para iniciarem o pagamento do benefício, atualmente de R$ 4,3 mil, por entender que o auxílio-moradia está previsto na Lei Orgânica da Magistratura (Loman – Lei Complementar 35/1979).

De acordo com a AGU (Advocacia-Geral da União), o custo anual do auxílio é de aproximadamente R$ 435 milhões. O caso chegou ao Supremo por meio de ações de alguns magistrados e a Ajufe (Associação dos Juízes Federais). Todos alegaram que o auxílio-moradia está previsto pela Loman.

Quatro anos sem julgamento

2014, 2015, 2016 e 2017. Nesses últimos quatro anos, o STF assistiu passivamente ao pagamento do auxílio-moradia a juízes de todo o País, benefício amparado em liminar concedida pelo ministro Fux.

Fux concedeu a liminar e manteve-a longe do escrutínio dos colegas. Talvez ciente de que sua decisão possa ser derrubada. Passou a dizer o ministro, quando cobrado pelos demais, que sua liminar já não era importante, pois o tema estava já regrado em resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A resolução regulamentou o pagamento e foi proposta pelo então ministro Ricardo Lewandowski.

Crítica do pagamento do benefício aos magistrados, a ministra Cármen Lúcia assumiu o comando do CNJ em 2016, mas também nunca propôs a revogação dessa resolução. Assim, juízes de todo o País já têm garantidos os R$ 4 mil pagos mensalmente.

A indefinição do Supremo, além do impacto orçamentário, abriu um flanco para a ação política contra o tribunal. Insatisfeitos com a atuação do STF em temas da política, parlamentares ameaçaram criar uma CPI para investigar os supersalários no Judiciário.

O STF recebeu outro petardo da política neste mesmo tema. Foi desferido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Nenhuma relação com decisões por afastar senadores do cargo ou por julgamentos sobre temas que a política não consegue solucionar. O motivo é meramente orçamentário e de Direito.

“É especialmente ofensivo à sociedade brasileira o fato de o auxílio moradia de magistrados e membros do Ministério Público ter sido autofixado, tendo sido concedido ao arrepio de qualquer deliberação do Congresso Nacional, por força de decisões judiciais sem qualquer amparo na legislação nacional”, afirmou o senador em proposta de emenda à Constituição que apresentou para extinguir o benefício.

“É uma violência ao Estado Democrático de Direito a concessão de benefícios a agentes públicos, que oneram excessivamente o contribuinte, sem que o Parlamento, como mandatário da sociedade civil, tenha autorizado previamente a sua concessão”, concluiu.

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