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Colunistas O ministro Moro

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Moro terá de dar conta de demandas bem mais complexas do que redigir uma sentença. (Foto: Lula Marques)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O deputado Onyx Lorenzoni foi acusado de ter recebido o valor de R$ 100 mil reais do caixa dois, da JBS. E Sérgio Moro, o juiz implacável da Lava-Jato, agora ministro designado, perguntado a respeito, teve de desconversar, como qualquer político, para dar uma livrada na cara do colega de equipe. Bem-vindo ao clube, doutor Moro!

Uma coisa é a magistratura, onde o juiz decide, a bem dizer, de forma solitária. Ele preside a ação, toma as decisões, aceita e recusa argumentos. Claro, há outros protagonistas, as partes, o Ministério Público, os advogados, mas a palavra final é dele, juiz. E uma vez dada a sentença, está cumprida a sua tarefa no caso, o seu papel no ordenamento jurídico.

O juiz pode, inclusive, e isso é comum, decidir com certa margem de dúvida, eis que uma omissão, uma interpretação equivocada, do fato ou da lei, pode ser reformada na instância superior. No poder de que está investido, de decidir sobre os bens e até a liberdade dos homens, mal comparando, é como um trapezista dispõe de uma rede de proteção.

Moro não é mais juiz. Ele entrou no campo minado da política, que não é para amadores ou principiantes. Ali, o jogo é bruto. Cada interlocutor, no vasto círculo das novas relações do ministro, traz consigo o risco de uma armadilha. Nem raposas velhas como Temer escapam dessas manobras sibilinas, como vimos no episódio da gravação de Joesley Batista. Políticos, por exemplo, quando dizem que vão tomar tal decisão ou seguir tal caminho, são tão surpreendentes que, às vezes, eles fazem isso mesmo.

Moro terá de dar conta de demandas bem mais complexas do que redigir uma sentença. O governo Bolsonaro quer reduzir as saídas da cadeia para apenados e diminuir os indultos penais. E promete maior rigor no combate ao crime. Então, os presídios brasileiros, onde não cabe mais ninguém, ficarão ainda mais lotados.

A bandidagem não vai parar de fazer motins nas cadeias só por causa de Moro e Bolsonaro. Qual será a resposta do governo, o diálogo apaziguador ou mais repressão? É dessa crise latente, que descamba sempre em rebeliões sangrentas, que vamos saber quem é o Moro gestor, o Moro político.

Onde vai começar o combate ao crime organizado? Há respostas na ponta da língua, como o uso da inteligência policial e militar, a reunião das polícias, a articulação das forças de repressão. Tudo vai bem até a primeira reunião, onde o tom sobe quando se lida com as vaidades dos protagonistas. Todos acham que têm a precedência para a missão. Moro terá estofo funcional, liderança, conhecimento de causa para botar todo mundo na linha e dar unidade de propósitos e eficiência nos objetivos?

Uma sentença é uma sentença, boa ou ruim, dependendo de que lado se está. No Ministério as questões são outras. Vai melhorar a estatística vergonhosa de 60 mil homicídios por ano no Brasil? O crime organizado será confrontado à altura pelas forças do Estado? Diminuirá a entrada de drogas nas nossas fronteiras? Esses são os desafios de Sérgio Moro. Se ele se der bem, então consolidará a fama de ser um personagem diferenciado. Se não, será mais um político que promete mas não entrega.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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