Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2019
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, responsável pelo afastamento de seis magistrados e prisão de dois por suspeita de venda de sentenças em esquema de grilagem, afirmou que a sociedade brasileira precisa confiar no Judiciário.
Em entrevista ao UOL, ele afirmou que erros podem acontecer em qualquer corporação e que é necessário manter a estabilidade social. Og Fernandes reforçou que a credita que a sociedade brasileira é “madura” para entender que todos são iguais perante a lei e ninguém está imune a investigações.
“A sociedade precisa confiar no Judiciário, porque o Judiciário é, entre os Poderes, aquele que se manifesta por último”, disse o ministro.
Novos nomes
O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, determinou a inclusão de seis novos nomes no polo passivo de acusados de envolvimento no esquema de fraude no Tribunal de Justiça da Bahia pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Entre os investigados estão quatro desembargadores e três juízes.
Martins determinou a inclusão de seis novos nomes que terão suas condutas apuradas pelo Conselho Nacional de Justiça. São eles: José Olegário Monção Caldas (desembargador); Maria da Graça Osório Pimentel (desembargadora Vice-Presidente); Maria do Socorro Barreto Santiago (desembargadora); Márcio Reinaldo Miranda Braga (juiz); Sérgio Humberto de Quadros Sampaio (juiz) e Antônio Roque do Nascimento Neves (secretário judiciário).
O corregedor nacional abriu prazo de cinco dias para que as partes, querendo, manifestem-se a respeito dos fatos. Todas as informações e provas colhidas pela Corregedoria Nacional também serão enviadas ao relator do processo no STJ.
A decisão de Martins foi tomada após o compartilhamento de provas feito pelo ministro Og Fernandes, relator de inquérito que apura o mesmo caso no Superior Tribunal de Justiça. No mês de novembro, Fernandes determinou o afastamento dos magistrados investigados.
Esquema
O esquema envolveria a venda de sentenças e outros crimes que tinham como propósito permitir a grilagem de terras no oeste do estado baiano. Dada a complexidade do caso e a apreensão de novos elementos de prova, os investigadores solicitaram ao relator, ministro Og Fernandes, a continuidade das investigações para aprofundamento das apurações em relação a fatos e pessoas não relacionados na denúncia.
Segundo a PGR, a denúncia detalha a atuação criminosa do chamado núcleo judicial e a sua relação com os operadores do esquema. Conforme o Ministério Público Federal, a organização atuava por meio de três núcleos: o judicial, o causídico e o econômico.
O núcleo econômico era formado por produtores rurais dispostos a pagar por ordens judiciais que os permitissem legitimar a posse e a propriedade de imóveis onde exerciam as suas atividades.
O jurídico contava com desembargadores e juízes, além de servidores do TJ-BA. Os primeiros, proferiam as decisões negociadas pelos operadores do esquema enquanto os servidores auxiliavam na elaboração de minutas e petições.
Já o núcleo causídico era formado por advogados que intermediavam as negociações entre membros dos núcleos jurídico e econômico, formalizavam os acordos e adotavam as providências judiciais e extrajudiciais necessárias para garantir o proveito obtido com as decisões judiciais negociadas.