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Por Redação O Sul | 29 de março de 2019
Integrantes da Força Nacional de Segurança vão a Moçambique para prestar assistência após o ciclone Idai ter devastado parte do país africano. A autorização para a ida de membros da equipe de busca e salvamento foi publicada em portaria assinada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, e publicada na edição desta sexta-feira do Diário Oficial da União.
Com ventos de cerca de 170 km/h, o ciclone provocou inundações na cidade portuária de Beira, a segunda maior do país, há duas semanas. Segundo as autoridades de Moçambique, são registrados 468 mortos e cerca de 1.500 pessoas feridas.
Ao menos 20 integrantes da Força Nacional, com veículos e equipamentos, foram deslocados para Beira. O Ministério das Relações Exteriores havia consultado Moro sobre a viabilidade do envio dos membros “para apoio em ação humanitária”.
Moçambique encerrou as ações de resgate e agora se concentra em buscas, ação que contará com o apoio do Brasil. Os enviados brasileiros são especialistas em “busca e salvamento, botes e outros equipamentos adaptados ao tipo de desastre que ocorreu naquele país”, disse o Itamaraty.
A equipe deve atuar no local por 30 dias, com prazo contando a partir desta sexta (29). O período, porém, poderá ser prorrogado. Essa não é a única ajuda que o Brasil presta a Moçambique após a passagem do ciclone. Uma equipe de 20 bombeiros que atuaram nos trabalhos de buscas na tragédia em Brumadinho (MG) também viajou ao país africano.
Já o Ministério da Saúde enviou medicamentos para o atendimento de até 9 mil pessoas por um mês. Além de Moçambique, o ciclone também atingiu outros dois países africanos: Zimbábue e Maláui. No total, o número de mortos nas três nações passa de 700.
Risco de epidemia
Moçambique confirmou na quarta-feira (29) a temida aparição da cólera. “Temos cinco casos confirmados de cólera em Beira e seus arredores”, declarou à AFP o diretor nacional da saúde, Ussein Isse. “Haverá mais casos porque a cólera é uma epidemia”, advertiu. De acordo com Isse, um milhão de doses de vacinas contra a cólera devem chegar no fim de semana na região.
Duas semanas após a passagem do ciclone, a situação continua muito precária, apesar da mobilização das autoridades e da ajuda humanitária internacional.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, no auge da tempestade, cerca de 3.125 km², (área equivalente ao dobro da cidade de São Paulo) foram inundados, incluindo vastas terras agrícolas cujas plantações foram destruídas. Muitas pessoas perderam suas casas e faltam comida, remédios e água potável.
A reabertura nos últimos dias de várias estradas no centro de Moçambique permitiu o início do transporte de ajuda de emergência para a população. No entanto, ainda há perigos. “Não saímos da estação chuvosa, ainda há risco de tempestades fortes, o que complicaria a situação”, alertou Emma Batey, coordenadora do consórcio de ONGs Oxfam, Care e Save the Children.
Além da cólera e da diarreia, a água estagnada, más condições de higiene e as dificuldades no abastecimento de água potável aumentam o risco de febre tifoide e malária.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, estimou em pelo menos 250 milhões de euros o montante da ajuda necessária em Moçambique para os próximos três meses.
Como ajudar
A Central de Apoio, criada por entidades de Moçambique, aceita doações via transferência internacional e presencialmente, em alguns endereços do país, além de fornecer ajuda para encontrar pessoas desaparecidas na tragédia.
A Junta de Missões Mundiais, ligada à Convenção Batista Brasileira, que conta com uma equipe atuando na região, aceita doações em dinheiro, em reais. O Unicef, agência da ONU para a infância, ajuda algumas das 600 mil crianças desabrigadas pela passagem do ciclone.
A organização Médicos sem Fronteiras, que cuida da saúde da população em situações de crise humanitária, recebe doações para situações emergenciais como essa. A entidade internacional ActionAid leva suprimentos para os sobreviventes do desastre.